
Imagine receber uma notificação da escola do seu filho informando sobre uma "simples briga entre alunos". Agora imagine descobrir que, na verdade, seu filho com deficiência foi vítima de bullying cruel, recebendo uma carta repleta de ofensas e humilhações. Foi exatamente isso que aconteceu com um adolescente de 13 anos em Franca, no interior de São Paulo.
O caso — que mexe com qualquer um que tenha um pingo de sensibilidade — aconteceu numa escola estadual da cidade. O garoto, que tem deficiência intelectual, recebeu um bilhete anônimo que não era nada bonito. "Você é burro", "ninguém gosta de você" e outras pérolas do mesmo nível. Coisa de doer na alma, sabe?
"Trataram como se fosse briga de rua qualquer"
O pai do adolescente, um senhor chamado José Carlos, não esconde a revolta quando conta o que aconteceu. "A escola tentou empurrar a situação pra debaixo do tapete, tratando como se fosse uma briguinha boba entre crianças", desabafa ele, com aquela voz cansada de quem já lutou demais pelos direitos do filho.
Pior: quando a família foi buscar explicações, ouviram que era "coisa de adolescente", que "fariam uma mediação". Mediação? Entre um agressor anônimo e uma vítima com deficiência? Francamente.
A carta que chocou
O conteúdo da mensagem era tão pesado que até eu, que já vi de tudo nessa vida, fiquei com o coração apertado. Além dos xingamentos diretos, o autor — ou autora — escreveu que o menino "não era bem-vindo" e que "deveria sumir".
Coisa de cinema? Infelizmente, é a realidade de muitas crianças e adolescentes com deficiência nas escolas brasileiras. E o pior é que muitas instituições ainda não sabem — ou não querem — lidar com isso direito.
O que diz a Secretaria de Educação?
Procurada, a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo soltou aquele comunicado padrão, cheio de palavras bonitas: "valorizamos a convivência harmoniosa", "trabalhamos pela inclusão", "vamos apurar o caso".
Mas entre o discurso e a prática... bem, todo mundo sabe que existe um abismo. A família espera que, dessa vez, as ações sejam mais concretas do que as promessas.
E agora, José?
O adolescente, coitado, está com medo de voltar pra escola. Quem não ficaria, depois de uma humilhação pública dessas? O pai já está buscando apoio jurídico — e não é pra menos.
Enquanto isso, a pergunta que não quer calar: até quando casos de bullying contra pessoas com deficiência serão tratados como "coisas de criança"? Porque, pra quem sofre, a dor é bem adulta.
O caso de Franca serve de alerta. Ou melhor, de grito. Um grito por mais preparo das escolas, por mais empatia — e menos discurso vazio.