
Um silêncio pesado paira sobre o bairro Buenos Aires, em Teresina, nesta quarta-feira. Aquele tipo de calmaria que só vem depois da tempestade — e que esconde, nas entrelinhas, uma dor que nem deveria existir.
Pois é, a vida às vezes prega peças tão cruéis que a gente até duvida do que está lendo. Uma bebê de apenas um ano de idade, que mal começou a dar os primeiros passos, tornou-se vítima de violência sexual dentro da própria casa. O suspeito? Um homem de 28 anos que estava no local.
O que desencadeou tudo
Foi por volta das 17h30 de terça-feira quando vizinhos ouviram algo que não conseguiam ignorar: o choro insistente da criança. Não era um chorinho qualquer, daqueles de fralda molhada ou sono. Era algo diferente — um gemido de dor que ecoava pela vizinhança e acionou alarmes invisíveis na cabeça das pessoas.
Alguém teve a presença de espírito de ligar para a Polícia Militar. E não deu outra: quando os oficiais chegaram ao endereço, no Conjunto Buenos Aires, encontraram a cena que ninguém gostaria de ver. A menina estava com o suspeito, que foi preso ali mesmo, em flagrante delito.
Os detalhes que doem
A perícia não deixou margem para dúvidas — os exames confirmaram a violência sexual. A criança foi levada às pressas para o Hospital Infantil Lucídio Portella, onde recebeu os primeiros cuidados. O estado de saúde dela, segundo as informações que consegui apurar, era estável. Mas convenhamos: estabilidade física é uma coisa, as marcas que ficam são outra completamente diferente.
O delegado Fábio Rocha, que está à frente das investigações, foi direto ao ponto: "O crime foi confirmado através de exame de corpo de delito". Às vezes a frieza técnica do juridiquês até alivia, disfarça a brutalidade do que realmente aconteceu.
E agora, o que acontece?
O suspeito já está atrás das grades — preso em flagrante, como manda a lei. O caso vai ser investigado pelo 2º Delegacia de Polícia Civil de Teresina, que deve apurar todos os detalhes desse crime que revoltou a capital piauiense.
Enquanto isso, a pergunta que não quer calar: como algo assim ainda acontece? Uma criança de colo, completamente indefesa... É de cortar o coração. A vizinhança ficou em choque, como era de se esperar. E eu, depois de tantos anos cobrindo casos policiais, confesso que ainda me surpreendo com a capacidade humana de crueldade.
O que me consola — se é que existe consolo numa situação dessas — é saber que a reação da comunidade foi rápida. Os vizinhos não viraram as costas. Ouviram o choro, sentiram que algo estava errado e agiram. Num mundo onde muita gente prefere se fazer de cega e surda, esses anônimos fizeram a diferença.
Agora é torcer para a Justiça fazer seu trabalho. E para que essa pequena consiga, de alguma forma, se recuperar do trauma. Difícil, eu sei. Mas a vida tem dessas — às vezes nos surpreende na direção errada, mas também nos mostra solidariedade onde menos esperávamos.