
Quem tem filhos sabe como pode ser complicado levá-los ao barbeiro. Agora imagine quando a criança é atípica — autista ou com TDAH. O simples ato de cortar cabelo vira um verdadeiro desafio, quase uma missão impossível.
Mas em Peruíbe, litoral de São Paulo, um barbeiro decidiu quebrar esse paradigma. E criou algo que está mudando a vida de muitas famílias.
Da frustração à inspiração
Tudo começou com um cliente especial — o próprio filho. "Meu menino é autista e eu via o sofrimento dele cada vez que precisava cortar o cabelo", conta o profissional, cuja história viralizou nas redes sociais. Aquele momento deveria ser simples, mas se transformava em uma verdadeira batalha emocional.
Foi então que ele pensou: se meu filho passa por isso, quantas outras crianças não enfrentam a mesma dificuldade?
O método que conquista pela paciência
A técnica que ele desenvolveu é tão simples quanto genial. Basicamente, ele transforma o corte em uma experiência sensorial positiva. Como? Com muita conversa, paciência e alguns truques na manga.
- Adaptação gradual: A criança primeiro conhece o ambiente, toca nos equipamentos, se familiariza com os sons
- Controle da situação: Ela pode escolher desenho para assistir, música para ouvir, até o perfume da loção
- Respeito aos limites: Se precisar parar, para. Se quiser continuar amanhã, marca para amanhã
"Não existe pressa. O importante é que a criança se sinta segura", explica o barbeiro, que já atendeu mais de 30 crianças com seu método especial.
Resultados que emocionam
O que era trauma virou, em muitos casos, até mesmo diversão. "Tem cliente que antes chorava, se debatia, e hoje chega sorridente", relata o profissional, visivelmente emocionado.
E os pais? Ah, os pais ficam tão aliviados que muitos chegam às lágrimas. Ver seu filho passando por uma experiência que antes era torturante de forma tranquila — isso não tem preço.
Um exemplo de inclusão real
O mais bonito dessa história toda é que o barbeiro não fez curso especializado, não tem diploma em psicologia. Ele simplesmente observou, ouviu e se colocou no lugar das crianças e das famílias.
"A gente precisa entender que cada criança é única, especialmente as atípicas. O que funciona para uma pode não funcionar para outra", reflete.
Seu trabalho prova que inclusão não é só sobre rampas e banheiros adaptados. É sobre compreensão, empatia e a capacidade de enxergar o mundo por perspectivas diferentes.
Enquanto muitos reclamam da falta de profissionais preparados para atender pessoas com necessidades especiais, esse barbeiro de Peruíbe mostra que às vezes a solução está mais perto do que imaginamos — basta vontade de fazer diferente.