
Quem acompanha o mundo do triatlo conhece Luisa Baptista — uma atleta de fibra, acostumada a superar limites. Mas há um capítulo em sua vida que vai muito além das piscinas e ciclovias. Uma história que começou com um simples trajeto de bicicleta e terminou nos tribunais.
Era uma tarde como tantas outras em São Carlos, interior paulista. Luisa pedalava tranquilamente pela Avenida São Carlos quando, do nada, veio o susto. Um motociclista simplesmente não a viu — ou pior, ignorou sua presença. O impacto foi violento, brutal. A bicicleta virou um amontoado de metal retorcido, e Luisa... bem, Luisa teve que enfrentar uma das maiores batalhas de sua vida.
Os dias após o tombo
Não foi fácil. Longe disso. As lesões no quadril e nas costas a tiraram das competições por um tempo que pareceu uma eternidade. Sabe aquela sensação de ter o chão tirado dos pés? Pois é. Para uma atleta que vive em movimento, ficar parada foi um castigo quase insuportável.
"A recuperação foi lenta, dolorida — tanto física quanto emocionalmente", confessa Luisa, com aquela voz mista de alívio e resignação que só quem passou por algo assim consegue entender. "Cada dia era uma luta diferente."
O longo caminho até a sentença
Enquanto se recuperava, outra batalha se desenrolava nos tribunais. O motociclista, identificado como João Victor da Silva Rosa, foi processado criminalmente. E depois de um processo que se arrastou — porque a justiça no Brasil tem dessas coisas — veio a condenação: dois anos de prisão, que serão cumpridos em regime semiaberto.
Agora vem a parte que muitos não entendem: a tal da transação penal. Basicamente, se o cara se comportar direitinho e cumprir algumas condições, pode até evitar a cadeia. Parece pouco? Para Luisa, não se trata apenas de punição.
"Não era sobre vingança"
"Sempre deixei claro que minha luta não era movida por desejo de vingança", explica a triatleta, com uma serenidade que impressiona. "O que eu queria era responsabilização. Que as pessoas entendam que dirigir não é brincadeira — é uma atividade que exige atenção total."
E ela tem razão. Quantos acidentes como esse acontecem todos os dias porque alguém resolveu dar aquela "olhadinha rápida" no celular? Ou porque estava com pressa? Ou simplesmente não se importou com os outros?
O recado que fica
Luisa já está de volta aos treinos — felizmente. Mas a experiência deixou marcas que vão além das físicas. "Espero que meu caso sirva de alerta", reflete. "No trânsito, não estamos sozinhos. Nossas escolhas afetam a vida de todos ao redor."
E pensar que tudo isso poderia ter sido evitado com um pouco mais de cuidado, não é mesmo? A moto do tal João Victor nem precisou ser apreendida — ele continua com o veículo, mas agora com uma sentença pendurada no pescoço e a obrigação de fazer curso de direção defensiva.
No fim das contas, a história de Luisa Baptista nos lembra de algo fundamental: justiça pode ser lenta, pode ser complicada, mas quando acontece — ainda que de forma imperfeita — traz um alívio que vai além das palavras. Como ela mesma disse, com simples e diretas palavras: "Justiça foi feita". E às vezes, isso é tudo que importa.