Era pra ser mais uma noite comum na BR-316, aquela estrada que corta o Piauí como uma veia aberta. Mas o que aconteceu no último sábado transformou o asfalto em palco de uma tragédia anunciada. Um cavalo — sim, um cavalo — decidiu cruzar a rodovia no momento exato em que um jovem de 24 anos passava de moto. O choque foi inevitável. E letal.
O que parecia ser apenas mais um acidente de trânsito — desses que infelizmente virou rotina no noticiário — ganhou contornos dramáticos quando a Polícia Civil entrou em cena. Eles não estão brincando em serviço. O delegado plantonista, depois de analisar os destroços e ouvir testemunhas, chegou a uma conclusão que está dando o que falar: o dono do animal deve responder por homicídio culposo.
Responsabilidade que pesa
Parece óbvio, né? Se você tem um animal, seja cavalo, cachorro ou papagaio, é seu dever mantê-lo sob controle. Mas a realidade nas estradas brasileiras conta outra história — uma história de negligência que frequentemente termina em luto.
"Quando um proprietário deixa seu animal circular livremente numa rodovia federal, ele está, conscientemente, expondo terceiros a um risco desnecessário", explicou uma fonte da polícia, com aquela voz cansada de quem já viu cena demais. "Não foi um acidente inevitável. Foi consequência de uma omissão."
Os detalhes que doem
O rapaz — cujo nome ainda não foi divulgado — não teve chance. A colisão foi frontal, violenta. Ele morreu no local, enquanto o cavalo, ironicamente, sobreviveu com ferimentos. A cena descrita pelos primeiros socorros é daquelas que ficam na memória: a moto destruída, o animal assustado, e uma família inteira que acabara de perder seu futuro.
E agora? O inquérito corre solto, com a polícia tentando localizar o proprietário do equino. Não vai ser difícil, dizem por aí. Numa comunidade rural, todo mundo sabe de quem é cada animal. A questão é provar a culpa — e convencer um juiz de que deixar um cavango solto por aí equivale a homicídio.
Um alerta que vem tarde demais
Esse caso está longe de ser isolado. Todo mês, rodovias pelo Brasil inteiro registram acidentes envolvendo animais soltos. A diferença é que, normalmente, o máximo que acontece é uma multa para o dono — quando se descobre quem é.
Mas a Polícia Civil do Piauí parece disposta a mudar esse script. Eles estão tratando o caso com uma seriedade que, francamente, é refrescante de se ver. "Temos que mandar uma mensagem clara para a sociedade", defendeu o delegado. "Negligência mata. E quando mata, é crime."
Enquanto isso, numa cidade do interior piauiense, uma família chora seu luto. E numa delegacia, um processo se forma. Dois destinos unidos por um cavalo que resolveu dar um passeio na hora errada.
