
Eis que a poeira dos tristes eventos de janeiro de 2023 ainda não assentou completamente. Longe disso. A Polícia Federal acaba de dar um golpe surpresa no tabuleiro de xadrez político-policial: decidiu suspender por nada menos que 34 dias – sim, mais de um mês! – o delegado que estava no comando da segurança do Distrito Federal naquele dia catastrófico.
O que isso significa? Bom, para além dos óbvios desdobramentos disciplinares, a medida joga uma luz forte e um tanto quanto crua sobre as responsabilidades individuais no fracasso monumental que permitiu a invasão e destruição das sedes dos Três Poderes. A decisão saiu da Superintendência da PF no DF, que não mediu palavras ao considerar a conduta do delegado, veja só, «comissiva e omissiva».
Não é pouca coisa. A acusação é pesada. Fala-se em «deixar de adotar medidas imprescindíveis e adequadas» para conter aquele verdadeiro tsunami de violência e vandalismo. Imagina só: o cargo de confiança, a responsabilidade máxima, e tudo desmorona de forma tão espetacularmente triste.
E o timing? Quase poético. A suspensão foi publicada no Diário Oficial da União justamente nesta segunda-feira, 25 de agosto. Trinta e quatro dias longe do cargo, longe das funções, para refletir. Um verdadeiro terremoto nos corredores da PF, que muitos estão interpretando como um recado claro: a casa está, finalmente, fazendo sua faxina interna.
O caso, naturalmente, reacendeu o debate público. Nas redes sociais, a opinião se divide entre quem acha a medida justa e quem vê nisso uma mera cortina de fumaça, um bode expiatório para acalmar os ânimos de uma população ainda furiosa. A pergunta que fica, ecoando pelos gabinetes e pelos bares de Brasília, é: será este apenas o primeiro passo? Outras suspensões virão?
O fato é que o processo investigativo contra o delegado segue seu curso, independente da suspensão. A PF mantém o tradicional sigilo, é claro, mas o estrago – tanto físico quanto na confiança da população – já está feito. A sombra do 8 de Janeiro continua longa e persistente, pairando sobre a capital federal como um lembrete amargo do que acontece quando a segurança falha de modo tão gritante.