Não era um dia qualquer nos estacionamentos de Goiânia. Enquanto alguns motoristas se distraíam com o vai e vem da cidade, um grupo de treze homens agia nos bastidores — e não de forma legal. A cena que se desenrolou nesta quarta-feira (17) parece saída de um roteiro de filme policial, mas era pura realidade.
Pela manhã, uma operação conjunta da Polícia Civil e Militar colocou fim a um esquema que já durava meses. Os suspeitos, conhecidos popularmente como "flanelinhas", não estavam apenas "cuidando" dos carros. Segundo as investigações, eles cobravam valores abusivos e usavam de intimidação para garantir o pagamento.
Como funcionava o golpe
Imagine a cena: você estaciona o carro em uma área movimentada e, ao retornar, encontra um sujeito "oferecendo" proteção ao veículo. Só que aí vem a pegadinha — a tal proteção era, na verdade, uma ameaça velada. Quem se recusava a pagar podia ter o carro riscado ou os pneus furados. Um verdadeiro pesadelo para quem só queria resolver suas coisas na cidade.
- Valores cobrados variavam entre R$ 10 e R$ 50, dependendo do "serviço"
- As abordagens eram feitas de forma agressiva, especialmente com mulheres e idosos
- Alguns chegavam a bloquear a saída dos veículos até receberem o dinheiro
Não era raro os motoristas pagarem só para evitar confusão — e os caras sabiam disso. Aproveitavam justamente da correria do dia a dia e da vontade das pessoas de não se envolverem em brigas.
A queda do esquema
Tudo começou a desmoronar quando diversas denúncias chegaram ao conhecimento da polícia. Os relatos eram tão parecidos que não deixavam dúvidas: havia um padrão. Durante semanas, os investigadores colheram provas e identificaram os principais envolvidos.
Quando a operação foi deflagrada, os policiais encontraram até uma espécie de "lista de preços" com um dos detidos. Parece piada, mas era sério — tinham tabelado os valores por tipo de veículo e tempo de permanência. O que era pra ser um serviço voluntário (e muitas vezes até útil) virou caso de polícia.
Os treze homens, com idades entre 22 e 45 anos, responderão por extorsão. A pena pode chegar a 15 anos de prisão, dependendo das circunstâncias. Enquanto isso, a polícia segue investigando se havia outros envolvidos no esquema.
Moradores da região comemoraram a ação. "Finalmente poderemos estacionar sem medo", disse uma comerciante que preferiu não se identificar. Resta saber se essa operação servirá de exemplo — ou se outros tentarão ocupar o "lugar" dos detidos.
