O estado da Bahia foi abalado por um crime brutal que vitimou três trabalhadores do setor de telecomunicações na capital, Salvador. Os corpos de Ricardo Antônio da Silva Souza, 44 anos, Jackson Santos Macedo, 41 anos, e Patrick Vinícius dos Santos Horta, 28 anos, foram encontrados no bairro do Alto do Cabrito, após terem sido sequestrados no local de trabalho, no bairro Marechal Rondon, na tarde de terça-feira, 16 de abril.
Secretário de Segurança garante empenho total nas investigações
Em pronunciamento realizado na quarta-feira, 17 de abril, o secretário de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), Marcelo Werner, classificou o crime como bárbaro, violento e covarde, garantindo que a solução do caso é uma prioridade absoluta para as polícias. "Posso garantir a vocês que nós não descansaremos até chegar aos responsáveis. Esse crime não vai passar despercebido, não vai passar em vão", afirmou Werner em entrevista à TV Bahia.
O secretário também informou que, desde a ocorrência, foi intensificado o policiamento tanto no Alto do Cabrito quanto em Marechal Rondon, local do sequestro. Ele se solidarizou com as famílias das vítimas e reforçou o compromisso da pasta em apurar todas as linhas investigativas.
Linha de investigação aponta para cobrança de "pedágio"
Uma das principais hipóteses investigadas pela polícia é a de que os homens tenham sido assassinados como uma forma de "punição" porque a empresa para a qual trabalhavam, a Planet Internet, não teria pago um valor ilegal, uma espécie de "pedágio" ou propina, cobrado por traficantes para atuar no bairro de Marechal Rondon.
Em nota, a Planet Internet negou ter recebido qualquer pedido de resgate ou solicitação de pagamento para acesso de suas equipes à localidade. A empresa afirmou que está colaborando com as autoridades. O carro utilizado pelas vítimas e seus pertences pessoais ainda não foram localizados.
A delegada Ligia Nunes de Sá, diretora do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pelo caso, confirmou que está apurando todos os rumores, inclusive os que circulam nas redes sociais. "A gente não descarta. Especialmente pelo que as pessoas vêm comentando... Toda a informação que chega a gente tem por obrigação de esgotar, buscar a procedência, e confirmar ou não", declarou. Ela também reforçou que não há registros policiais contra as vítimas, confirmando a versão das famílias.
Enterros, protesto e revolta da categoria
Os corpos de Ricardo Antônio e Jackson foram enterrados na quarta-feira, 17, no Cemitério Bosque da Paz, em Nova Brasília, em cerimônia que reuniu familiares, amigos e colegas. Patrick será sepultado na quinta-feira, 18, no Cemitério Vale da Saudade, no Caminho das Árvores.
Um familiar de uma das vítimas, que preferiu não se identificar, desabafou em entrevista, confirmando a pressão por propina. "Segundo a gente sabe, estava sendo cobrado propina, né? Pelo fato deles instalarem internet. Estavam querendo propina para poder alimentar, de uma certa forma, o tráfico de droga", relatou.
Na manhã de quarta-feira, representantes de empresas prestadoras de serviço se reuniram com integrantes das polícias Militar e Civil para tratar do caso. Logo após, trabalhadores do setor de instalação de internet protestaram na Avenida Paralela, uma das principais vias de Salvador, causando lentidão no trânsito. O ato foi um protesto contra a violência e em busca de mais segurança para a categoria.
O Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações da Bahia (Sinttel-Bahia) emitiu nota de pesar e indignação. O presidente da entidade, Joselito Ferreira, afirmou que "perder a vida no exercício do trabalho, buscando levar conectividade à população é um fato inaceitável". O sindicato participou da reunião com a SSP-BA, pedindo uma investigação célere, rigorosa e transparente, e anunciou que solicitará uma audiência pública com o Ministério Público do Trabalho (MPT) para discutir protocolos de proteção aos trabalhadores.
A SSP-BA reforçou que qualquer informação sobre os autores do crime pode ser repassada com total sigilo através do Disque Denúncia, no telefone 181. A ligação é gratuita e o anonimato é garantido por lei.