
Era para ser um sistema infalível, uma garantia de que a justiça estava sendo cumprida. Mas na madrugada de sábado, a tornozeleira eletrônica no tornozelo de um homem de 32 anos se transformou num mero adereço inútil. Enquanto a capital acreana dormia, a violência acordou com tudo no bairro Vila Ivonete.
Por volta das 3h30, o silêncio foi quebrado por rajadas de tiros que ecoaram pelas ruas ainda escuras. Testemunhas — aquelas que se atreveram a espiar pelas frestas das janelas — contam que foram pelo menos dois homens encapuzados, agindo com uma frieza que dá arrepios.
O sistema falhou quando mais importava
Aqui está o que me deixa perplexo: como um homem sob vigilância constante consegue ser executado assim, praticamente diante das narizes do sistema? A tal tornozeleira, que deveria ser seu salvo-conduto, tornou-se apenas um testemunho mudo da tragédia.
Os agentes da Polícia Civil chegaram rápido, é verdade. Encontraram o corpo caído na rua, a tornozeleira ainda pulsando no tornozelo — ironia cruel. Multiple perfurações de arma de fogo, diz o laudo preliminar. Uma morte que não foi rápida, nem limpa.
Perguntas que não querem calar
O que será que passou pela cabeça dele nos últimos segundos? Será que viu os atiradores se aproximando? Teve tempo de perceber que o sistema que deveria protegê-lo havia falhado miseravelmente?
O delegado Danilo Menezes, que coordena as investigações, tenta acalmar os ânimos. "Temos indícios concretos", diz ele, sem revelar detalhes. Mas a população quer mais — exige respostas sobre como a vigilância eletrônica, essa maravilha tecnológica, mostrou-se tão frágil quando mais importava.
Vizinhos comentam em voz baixa, entre um café e outro, que já haviam percebido movimentação estranha nos últimos dias. "A gente sente quando a coisa vai apertar", me contou uma moradora que preferiu não se identificar. Medo? Claro. Quem não teria?
Um problema que vai além desta morte
O caso escancara uma realidade dura: nossa dependência de tecnologia precisa vir acompanhada de inteligência humana. Do contrário, tornamo-nos reféns de aparelhos que podem falhar — e falham feio.
Enquanto a perícia coleta provas e os investigadores seguem pistas, uma família chora sua perda. E uma cidade inteira se pergunta: se não podemos confiar nem nos sistemas mais avançados de monitoramento, em que podemos confiar?
O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal, onde passará por novos exames. A promessa da polícia é de respostas em breve. Mas para a vítima, já é tarde demais.