Professor tem carro alvejado após denunciar estupros em escola de MG — medo e revolta se espalham
Professor tem carro baleado após denúncia de estupro em MG

Imagine a cena: a madrugada ainda escura, o silêncio quebrado apenas pelo estampido seco de disparos. Não foi um acerto de conta do tráfico, nem uma briga de vizinhos. O alvo? O carro de um professor. O motivo? Ele ousou falar.

Em Uberlândia, Minas Gerais, um educador — cujo nome é mantido em sigilo por sua própria segurança — vive agora um pesadelo. Após realizar denúncias graves sobre supostos casos de abuso sexual dentro de uma escola pública estadual, seu automóvel foi crivado de balas na calada da noite. Um recado claro, e assustadoramente violento.

A história, como se desenrola, é daquelas que parecem roteiro de filme. Tudo começou com as acusações do professor, que teria alertado a direção do colégio sobre os crimes. Mas, em vez de respostas, veio a retaliação. E da pior espécie.

O ataque covarde e a investigação

Por volta das 3h da manhã deste domingo (24), na Rua João Antônio de Oliveira, no bairro Shopping Park, dois indivíduos chegaram em um carro de modelo ainda não identificado. Desceram, apontaram — e dispararam repetidamente contra o veículo do docente. A Polícia Militar foi acionada, encontrou as marcas dos projéteis, mas os suspeitos já haviam fugido. Ninguém foi preso.

O que deixa todo mundo com a pulga atrás da orelha é o timing. Uma coincidência? Difícil acreditar. A delegada Titular da 5ª Delegacia de Polícia de Uberlândia, Mariana Roriz, assumiu o caso. Ela confirmou que as investigações já começaram e que vão apurar se o atentado tem ligação direta com as denúncias feitas pelo professor.

O silêncio que grita

E aí é que a coisa fica ainda mais espinhosa. A Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) emitiu uma nota dizendo que “tomou ciência” do ocorrido e que “repudia qualquer ato de violência”. Disse também que vai colaborar com as investigações. Mas, cá entre nós, isso basta? A comunidade escolar está assustada. Pais e alunos se perguntam: até onde vai a segurança de quem tenta fazer a coisa certa?

Esse caso joga uma luz brutaisobre um problema muito maior: a cultura do medo que cerca a denúncia de crimes graves dentro das instituições de ensino. Se um professor não está seguro para relatar um estupro, quem está? É um daqueles momentos que fazem a gente questionar a base toda.

A PM segue nas buscas pelos autores. Enquanto isso, o professor, é claro, vive sob tensão. Sua coragem — ou talvez sua teimosia em acreditar na justiça — colocou sua vida em risco. Agora, resta esperar que as autoridades realmente façam sua parte. Porque senão, o que vem a seguir?