
Era pra ser mais uma noite tranquila na beira do rio, com o barulho das águas e o farfalhar das árvores. Mas o silêncio foi quebrado por tiros — e quando a poeira baixou, duas vidas se foram. Assim começou o pesadelo naquela comunidade ribeirinha escondida nos confins do Nordeste do Pará.
Segundo relatos dos moradores — ainda sob choque —, um bando chegou como sombra na madrugada de domingo. Nem deram tempo de reagir. "Foi tudo muito rápido, parecia filme de terror", contou um pescador que pediu pra não ser identificado (medo, né?). Os bandidos levaram tudo: motor de barco, celulares, até comida da despensa. Deixaram só o rastro de violência.
O que se sabe até agora:
- Dois homens morreram — um com tiros à queima-roupa, outro tentando se defender com facão
- A Polícia Civil já está no local, mas esbarra na dificuldade de acesso (lá não chega nem sinal de celular direito)
- Suspeita-se que seja o mesmo grupo que age há meses na região, sempre sumindo pelos igarapés
E aqui vem o pior: os criminosos parecem conhecer cada curva do rio. "Eles chegam e desaparecem como fantasmas", desabafa uma liderança comunitária. A falta de policiamento na área — que já era um problema crônico — agora virou caso de vida ou morte.
Enquanto isso, nas palafitas à beira-rio, o clima é de luto e medo. As crianças não vão pra escola, os barcos ficam amarrados. "A gente vive aqui há gerações, mas nunca viu coisa assim", lamenta Dona Maria, 62 anos, enquanto arruma o altar de Santo Antônio — o protetor que, dessa vez, não conseguiu evitar a tragédia.
A Secretaria de Segurança Pública do Pará prometeu reforço na região. Mas os moradores já ouviram essa promessa antes. Enquanto o poder público não chega, eles seguem na defensiva: "Agora a gente dorme com um olho aberto", diz um jovem, afiando o facão na pedra.