Mãe acusa motorista de atropelar filha 'para matar' após discussão em bar em SP
Mãe acusa motorista de atropelar filha 'para matar' em SP

A mãe de Tainara Souza Santos, jovem que teve as duas pernas amputadas após ser atropelada e arrastada por um carro na zona norte de São Paulo, fez uma grave acusação contra o motorista. Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, ela afirmou que Douglas Alves da Silva, de 26 anos, atingiu a filha "para matar".

Vítima segue em estado grave após múltiplas cirurgias

Tainara Souza Santos sofreu ferimentos gravíssimos no último sábado. Além da amputação das duas pernas, ela passou por mais duas cirurgias e precisou colocar pinos de sustentação na bacia. A jovem segue internada em estado grave no Hospital das Clínicas, para onde foi transferida na quinta-feira. Antes, ela estava no Hospital Municipal Vereador José Storopolli, conhecido como Vermelhinho.

Em emocionado depoimento, a mãe da vítima desabafou sobre a brutalidade do crime. "Ele foi para matar. Acaba com o sonho de uma mãe, acaba com o sonho de um filho", disse. Ela ainda alertou: "Hoje foi a Tainara, amanhã é a Evelin, amanhã é a Edna, amanhã é a Maria. Isso tem que mudar".

Detalhes chocantes do atropelamento e arrastamento

O crime ocorreu na saída de um bar, na região onde a vítima mora. Imagens registraram o momento em que Tainara foi atropelada por Douglas Alves da Silva e arrastada por mais de um quilômetro, da rua Manguari até a avenida Morvan Dias de Figueiredo, na Marginal Tietê.

Testemunhas relataram à polícia um detalhe especialmente cruel: o suspeito teria puxado o freio de mão do carro para aumentar o atrito e causar mais ferimentos na vítima. Outras pessoas tentaram intervir, mas o motorista acelerou o veículo. Douglas fugiu do local, mas foi preso na noite de domingo (31).

O boletim de ocorrência registrado no 73º DP (Jaçanã) traz informações de que o motorista conhecia Tainara e que os dois teriam discutido no bar momentos antes do atropelamento. A Polícia Civil investiga o caso como tentativa de feminicídio.

Versões contraditórias sobre o motivo do crime

Em depoimento, Douglas Alves da Silva apresentou uma versão diferente dos fatos. Ele contou ao delegado Augusto Bícego que um amigo dele se desentendeu com o homem que acompanhava a vítima. O suspeito afirmou que interveio na discussão, levou uma garrafada no rosto e depois saiu de carro com o amigo, chamado Kauan.

Segundo Douglas, ao ver a vítima caminhando com o homem, decidiu "dar um susto" no casal. Ele alegou que Tainara se "projetou" contra o carro e foi atropelada. Sobre ter arrastado a mulher por mais de 1 km, o suspeito justificou que o som do carro estava alto e os vidros estavam fechados, impedindo que ouvisse algo.

O advogado de Kauan, Matheus Lucena, negou a versão do interrogado, classificando-a como "fantasiosa e exculpatória". Já um amigo de Douglas deu uma informação crucial à polícia: o suspeito teria tido um relacionamento anterior com Tainara e ficou "enfurecido" ao vê-la com outro homem. O delegado Augusto Bícego confirmou que o amigo de Douglas já conhecia a vítima.

A defesa de Douglas, no entanto, rejeita essa motivação. Em nota enviada ao UOL, o advogado Marcos Tavares Leal disse que seu cliente "jamais manteve relacionamento com a vítima" e que a informação sobre ciúmes é "totalmente infundada". Ele também contestou a forma da prisão, afirmando que Douglas "se encontrava desarmado e dormindo no quarto de hotel" aguardando a chegada do advogado para se apresentar à Justiça quando foi preso.