O caso da professora Catarina Kasten, vítima de feminicídio em Florianópolis, foi citado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, durante a sessão da Corte desta quarta-feira (3). Fachin expressou solidariedade à família da jovem de 31 anos e reforçou o compromisso do Poder Judiciário em assegurar justiça para mulheres e meninas.
Apelo por mudança cultural
Em seu discurso, o ministro fez um apelo urgente por uma transformação profunda na cultura brasileira. Ele pediu que o país reconheça, sem hesitação, a gravidade da violência baseada no gênero. Fachin defendeu que o silêncio, o preconceito e a naturalização de atitudes machistas devem ser substituídos pela denúncia, pelo apoio às vítimas e pela exigência de responsabilização dos agressores.
Na terça-feira (2), um dia antes da sessão, o presidente do STF recebeu o manifesto intitulado “Carta por Catarina”. O documento foi entregue pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica (Cevid) durante o 19º Encontro Nacional do Poder Judiciário, realizado na capital catarinense.
Dados alarmantes de violência
Para embasar seu alerta, Edson Fachin apresentou números preocupantes. De acordo com o Observatório de Violência contra a Mulher, o estado de Santa Catarina registrou 38 feminicídios até o mês de outubro. Com os casos ocorridos em novembro, a projeção é que o total chegue a 47, tornando este o mês mais violento do ano no estado.
Em escala nacional, os dados são ainda mais chocantes. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024 contabilizou 1.492 feminicídios e mais de 87 mil casos de estupro em todo o país.
Os detalhes do crime
Catarina Kasten, estudante de pós-graduação na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi sexualmente violentada e assassinada no dia 21 de novembro. O crime aconteceu quando ela saiu de casa para uma aula de natação e foi surpreendida na trilha da Praia do Matadeiro, em Florianópolis.
O acusado, Giovane Correa Mayer, de 21 anos, foi preso e denunciado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) pelos crimes de feminicídio qualificado, estupro e ocultação de cadáver. Ele confessou a autoria dos delitos e está preso preventivamente. A Justiça já aceitou a denúncia, tornando-o réu no processo.
A tragédia interrompeu os planos da jovem professora, que sonhava em construir uma nova casa e dar continuidade aos seus estudos, iniciando um doutorado.
O caso, amplamente divulgado, expõe a escalada de violência contra a mulher em Santa Catarina e reacende o debate sobre a necessidade de políticas públicas eficazes e de uma mudança social imediata para frear os números de feminicídio no Brasil.