Indígenas armados ameaçam profissionais de saúde na Terra Yanomami
Conflito armado ameaça equipe de saúde Yanomami

Uma situação de extrema tensão e risco se desenrola na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Desde a última quinta-feira (4), um grupo de profissionais de saúde permanece trancado dentro de um polo de atendimento na região de Sananaú, sob ameaça de morte por indígenas armados. O impasse teve início a partir de uma discussão aparentemente simples, mas que escalou para um conflito grave.

Origens do conflito na região de Sananaú

De acordo com informações divulgadas pelo Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Indígena, o incidente começou quando um enfermeiro impediu que um grupo de indígenas carregasse uma lanterna dentro da unidade de saúde. A justificativa técnica dada foi de que o sistema elétrico do local não suportaria a carga adicional.

A presidente do sindicato, Joana Gouveia, detalhou a sequência dos fatos. Após a negativa, iniciou-se uma confusão. A situação se agravou na manhã desta sexta-feira (5), quando os indígenas retornaram ao local. "A equipe entrou em contato cedo informando que os indígenas foram para o local, estão todos ao redor do posto, armados. A equipe está dentro do posto, trancada, com medo que eles arrombem e entrem", relatou Joana.

Equipe em pânico após disparo de arma de fogo

O clima de medo intensificou-se quando houve um disparo de arma de fogo nas proximidades do posto. Assustados, os cerca de quatro profissionais – entre enfermeiros, técnicos de enfermagem e um dentista – correram para dentro da unidade e se trancaram, aguardando resgate.

Imagens divulgadas pelo sindicato confirmam a gravidade da cena. É possível ver indígenas, incluindo mulheres e crianças, do lado de fora do polo de saúde. Dois homens aparecem portando espingardas, o que ilustra o alto nível de perigo enfrentado pela equipe médica.

Origem do grupo e tentativa de resgate

Em contato por telefone, a assessoria do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, forneceu mais informações. O grupo de indígenas envolvido no conflito teria vindo da área venezuelana da Terra Yanomami, realizando uma caminhada de aproximadamente cinco dias até chegar ao posto de saúde em Sananaú.

O pedido para carregar a lanterna no local foi a motivação inicial da ida ao posto. A não autorização pelo enfermeiro, conforme o Dsei-Y, teria provocado a reação hostil. Para retirar os profissionais em risco, um avião foi enviado na manhã de sexta-feira (5). No entanto, até as 9h daquele dia, o grupo ainda aguardava dentro do posto, trancado e sob ameaça, pela chegada do resgate aéreo.

Este episódio coloca em evidência as complexas e delicadas relações no atendimento à saúde em terras indígenas remotas, onde fatores culturais, logísticos e de segurança se entrelaçam de forma crítica. A situação permanece em atualização, enquanto as autoridades buscam garantir a integridade física dos profissionais envolvidos.