O vereador Cássio Luiz Barbosa, conhecido como Cássio Fala Pira (PL), permanece preso em Piracicaba, no interior de São Paulo, após ter sua prisão temporária prorrogada por mais 30 dias no último dia 5 de novembro. Ele é investigado por supostos crimes sexuais contra ao menos 12 mulheres e também por posse de material de abuso infantil.
As acusações e a investigação policial
A Delegacia Seccional de Piracicaba conduz um inquérito para apurar as denúncias. A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) confirmou a investigação, mas limitou-se a informar que detalhes serão preservados devido à natureza sensível do caso.
As acusações são graves. Em reportagem exibida pela EPTV, afiliada da TV Globo, uma das denunciantes relatou que os abusos ocorreram dentro do gabinete do parlamentar na Câmara Municipal, após ela procurá-lo em busca de emprego. Ela afirmou que o vereador tocou suas partes íntimas e forçou suas mãos contra o corpo dele.
Outra mulher disse ter sido abusada em duas ocasiões, quando Cássio Fala Pira teria oferecido cesta básica e uma vaga de trabalho. Uma terceira vítima alegou que o político, conhecido de ações no bairro dela, fez comentários sexuais repetidos sobre seu corpo e, em um episódio, passou a mão em sua cintura e quadril.
A defesa do vereador e a alegação de "efeito manada"
Através de nota, a defesa de Cássio Fala Pira classificou as denúncias como "frágeis" e afirmou que o parlamentar ainda não teve a oportunidade de dar sua versão oficial à polícia. Os advogados sustentam sua inocência e prometem comprová-la no decorrer do processo.
Sobre o material de abuso infantil, a defesa argumentou que se tratava de conteúdo enviado ao vereador como forma de denúncia contra outra pessoa. Eles alegam que o material só foi localizado porque o próprio Cássio foi à tribuna da Câmara relatar o fato, o que culminou na busca e apreensão de seu celular. A defesa afirma que este ponto já foi esclarecido em inquérito policial em 2022, sem consequências judiciais.
Um dos advogados, Osmir Bertazzoni, usou a expressão "efeito manada" para descrever as acusações. Ele alega que a primeira denúncia é infundada e que o sistema de segurança da Câmara provaria que a mulher não estava sozinha com o vereador. Segundo ele, a partir dessa primeira queixa, grupos foram formados nas redes sociais para incentivar novas denúncias, muitas delas, em sua visão, movidas por interesses políticos ou promessas não cumpridas.
Desdobramentos administrativos e a situação atual
O parlamentar foi preso em outubro, após a Polícia Civil cumprir quatro mandados: um de prisão em sua residência e três de busca e apreensão em seu escritório no bairro Vila Sônia e no gabinete na Câmara. Computadores e celulares foram apreendidos.
Cássio Fala Pira foi transferido para o presídio de Tremembé (SP), conhecido por abrigar criminosos de alta notoriedade. Na Câmara Municipal de Piracicaba, ele pediu afastamento sem remuneração até 16 de dezembro, pedido aprovado por 19 votos a 1. No entanto, em 13 de outubro, a presidência da Casa publicou um ato suspendendo suas funções públicas, cumprindo determinação judicial.
O Diretório Municipal do PL em Piracicaba emitiu nota reconhecendo a gravidade das denúncias e afirmou que, se confirmadas, abrirá processo disciplinar que pode levar à expulsão do vereador do partido.
Enquanto isso, as investigações seguem em andamento. A polícia justifica a manutenção da prisão para evitar possíveis interferências do investigado no curso das apurações. A defesa, por sua vez, contesta a legalidade da medida, considerando-a um abuso de autoridade, e prepara novas ações judiciais. O caso aguarda a coleta de mais provas e o andamento processual para que as versões sejam definitivamente confrontadas.