Principal negociador ucraniano deixa cargo em meio a investigação
O governo da Ucrânia enfrenta uma crise política de grandes proporções com a renúncia de Andriy Yermak, Chefe de Gabinete e conselheiro mais próximo do presidente Volodimir Zelensky. A decisão ocorreu nesta sexta-feira (28) após buscas realizadas por agências anticorrupção em seu apartamento e escritório.
Esquema milionário na energia nuclear
As investigações apontam para um complexo esquema de corrupção envolvendo contratos da empresa estatal de energia nuclear ucraniana. Segundo as apurações, o montante desviado chegaria a US$ 100 milhões, através de operações de propina e lavagem de dinheiro.
Esta não é a primeira baixa no alto escalão do governo ucraniano nas últimas semanas. Dois ministros já haviam deixado seus cargos anteriormente, em um claro sinal de que as investigações anticorrupção estão atingindo níveis cada vez mais altos da administração pública.
Impacto nas negociações de paz
A renúncia de Yermak representa um duro golpe para a diplomacia ucraniana em um momento especialmente sensível. Ele havia sido recentemente nomeado por Zelensky para liderar as negociações com a equipe do presidente americano Donald Trump para tentar encerrar a guerra com a Rússia.
O timing não poderia ser pior. Yermak acabara de retornar de Genebra, onde conseguira negociar com os americanos uma versão mais favorável à Ucrânia do plano de paz proposto pelos Estados Unidos. Nas próximas dias, ele receberia autoridades do governo Trump em Kiev para dar continuidade às discussões.
O plano de paz americano, que previa originalmente a cessão de territórios ucranianos à Rússia, voltara a ganhar impulso recentemente. A expertise de Yermak nas negociações era considerada crucial para proteger os interesses nacionais.
Zelensky apela por união em meio à crise
O presidente Zelensky foi quem anunciou pessoalmente a saída de seu principal colaborador. Em declaração contundente, afirmou que "não deve haver motivos para se distrair com nada além da defesa da Ucrânia" e fez um apelo emocionado por união nacional.
"Corremos o risco de perder tudo: a nós mesmos, a Ucrânia, o nosso futuro", alertou o mandatário, em claro reconhecimento da gravidade do momento que seu governo enfrenta.
A renúncia enfraquece significativamente a delegação ucraniana nas negociações de paz e força Zelensky a se voltar para questões internas, precisando reorganizar seu Gabinete em um momento crítico para o futuro do país.