Prisão de Bacellar altera sucessão no RJ e expõe crise política
Presidente da Alerj preso e crise sucessória no Rio

A prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), na quarta-feira, não é apenas um fato policial, mas um evento com profundas repercussões políticas. Sua detenção pela Polícia Federal na Operação Unha e Carne altera imediatamente a linha sucessória do Palácio Guanabara e interrompe uma ascensão rápida que, no início do ano, tinha a pretensão de chegar ao governo estadual.

Os detalhes da operação e o impacto imediato

Bacellar foi detido acusado de vazar informações sigilosas da Operação Zargun e de orientar o deputado TH Joias a destruir provas. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou sua prisão e também o afastamento do cargo. Imediatamente, o vice-presidente da Casa, Guilherme Delaroli, assumiu a presidência, mas de forma provisória.

A Alerj terá de decidir, nos próximos dias, se mantém a prisão de seu presidente. O processo começa na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida por Rodrigo Amorim, aliado de Bacellar. O parecer da CCJ, formada por sete deputados, será depois votado em plenário pelos 69 parlamentares. Para derrubar a decisão de Moraes, são necessários 36 votos.

A nova ordem de sucessão do governo fluminense

A detenção de Bacellar, somada à ida do vice-governador eleito, Thiago Pampolha, para o Tribunal de Contas do Estado (TCE), modificou completamente a linha de frente do Executivo estadual. Em caso de afastamento temporário do governador Cláudio Castro (PL) – por viagem ou licença –, a sucessão agora segue esta ordem:

  1. Vice-governador (cargo atualmente vago).
  2. Presidente da Alerj (cargo ocupado interinamente por Delaroli, pois Bacellar está afastado).
  3. Presidente do Tribunal de Justiça, Ricardo Couto.

Na prática, quem assume o governo interinamente quando Castro se ausenta é o presidente do TJ-RJ. A função do vice-presidente da Alerj é apenas interna; a legislação impede que ele assuma o comando do estado.

Cenário político e possíveis desdobramentos futuros

A relação entre Rodrigo Bacellar e Cláudio Castro já estava desgastada. Em junho, durante uma viagem do governador aos EUA, Bacellar, então interino, exonerou o secretário de Transportes, Washington Reis, sem consultar o Palácio Guanabara, abrindo uma crise pública.

Nos bastidores, articulações políticas previam que Castro renunciaria em 2026 para concorrer ao Senado. Isso abriria caminho para uma eleição indireta na Alerj, que colocaria Bacellar no comando do estado até o fim do mandato – um cenário agora seriamente comprometido com sua prisão.

Se houver uma vacância definitiva (renúncia, morte ou cassação) do cargo de governador, a Constituição Estadual determina eleições. Como o cargo de vice está vago, qualquer renúncia de Castro gera dupla vacância automática. Se isso ocorrer antes do último ano do mandato, há eleição direta em 90 dias. Se for no último ano, a escolha é feita por eleição indireta pela Assembleia Legislativa, 30 dias após a abertura da vaga.

Quem organiza essa eleição indireta é a Mesa Diretora da Alerj. Com Bacellar preso e afastado, a atribuição caberia ao presidente em exercício, Guilherme Delaroli, caso permaneça no cargo. A votação é nominal e envolve todos os 69 deputados estaduais. Qualquer pessoa que cumpra os requisitos constitucionais pode ser candidata, e quem for eleito poderá concorrer na eleição direta de 2026, desde que respeite as regras de desincompatibilização.