Ex-presidente peruano Pedro Castillo condenado a 11 anos de prisão
Pedro Castillo condenado a 11 anos de prisão

Ex-presidente peruano recebe sentença histórica

O ex-presidente do Peru, Pedro Castillo, foi condenado a 11 anos de prisão pela tentativa de golpe de estado ocorrida em dezembro de 2022. A decisão judicial foi anunciada na quinta-feira, 27 de abril, encerrando um processo que se arrastava desde sua destituição do cargo.

Os fatos que levaram à condenação

Castillo estava preso preventivamente desde 7 de dezembro de 2022, quando foi removido da presidência após anunciar em cadeia nacional a dissolução do Congresso e sua intenção de governar por decreto. A medida radical desencadeou protestos violentos que resultaram em aproximadamente 50 mortes em todo o país.

O Ministério Público apresentou um robusto conjunto de provas durante o julgamento, incluindo 65 documentos e o testemunho de 70 pessoas. O ex-mandatário de esquerda foi considerado coautor do crime de rebelião e acusado de causar grave perturbação da ordem pública.

Durante todo o processo, Castillo manteve sua inocência, negando veementemente todas as acusações contra si.

Contexto político e consequências

O Peru vive um cenário político instável, com múltiplos ex-presidentes enfrentando condenações judiciais. Alejandro Toledo e Ollanta Humala cumprem penas por corrupção, enquanto Martín Vizcarra foi condenado na quarta-feira anterior, 26 de abril, também por casos de corrupção.

Após a queda de Castillo, o comando do país foi assumido pela vice-presidente Dina Boluarte, que permaneceu no cargo até outubro deste ano, quando foi destituída por "incapacidade moral".

A trajetória política de Castillo foi marcada por surpresas. Aos 56 anos, o professor rural e dirigente sindical emergiu como uma figura inesperada na política peruana. Ganhou projeção nacional em 2017 ao liderar uma greve de quase três meses por melhores salários para professores da rede pública.

Quatro anos depois, capitalizou o desgaste com a classe política tradicional e venceu as eleições presidenciais com um discurso de ruptura. Durante a campanha, prometeu desativar o Tribunal Constitucional e ameaçou fechar o Congresso caso seus planos fossem barrados.

Seu governo foi caracterizado por confrontos constantes com o Legislativo, onde a oposição tentou derrubá-lo três vezes por "incapacidade moral", enquanto o Ministério Público o investigava por suspeitas de corrupção.