
Eis que o ministro Flávio Dino, num daqueles movimentos que fazem a poeira baixar em Brasília, aciona de pronto a Polícia Federal. O motivo? Uma quantia nada desprezível — estamos falando de setecentos mil reais, gente — de emendas de relator que simplesmente sumiram do mapa. O buraco é mais embaixo, e cheira a podre.
O estopim dessa trama toda veio de uma notícia que correu solta no Jornal Nacional. A reportagem escancarou uma operação, digamos, criativa com o dinheiro que era pra ter ido para a prefeitura de Cocal de Telha, no interior do Piauí. A papelada? Toda certinha. A execução? Uma verdadeira aula de como não fazer.
O que se sabe até agora é de estremecer os ossos:
- Os recursos foram liberados direitinho, em 2022, para a tal associação — a APROFURT — comprar equipamentos e montar uma fábrica de polpas de fruta.
- Só que a fábrica... bem, ela é mais um fantasma. Não saiu do papel. Nem uma mangustinha foi processada.
- E o dinheiro? Sumiu. Esfumou-se. Não há equipamento, não há estrutura, não há nada que justifique quase um milhão de reais aplicados.
Não é de hoje que o mecanismo das emendas de relator — o famoso orçamento secreto — vive sob uma névoa de desconfiança. Dino mesmo já vinha cutucando essa ferida, afirmando que a falta de transparência é um convite para o malfeito. E esta investigação, meu caro, pode ser a ponta de um iceberg muito, muito maior.
O que isso significa para o cidadão comum? É simples. Enquanto hospitais faltam remédio e estradas viram crateras, uma grana preta some para sustentar projetos que só existem na imaginação de alguns. É de revirar o estômago.
Agora, a bola está com a PF. Eles que vão ter que desvendar esse emaranhado e descobrir em que bolso esse dinheiro todo foi parar. Alguém vai ter que responder. A população, cansada de sempre pagar a conta, espera por isso.