
Parece que a velha máxima de que "em time que está ganhando não se mexe" não se aplica ao mundo das consultorias públicas. A Polícia Federal, sempre atenta, colocou sob seus holofotes uma empresa de consultoria que, segundo as investigações, teria feito muito mais do que apenas assessorar.
O que se investiga, e aqui a coisa fica realmente séria, é se essa consultoria não apenas assessorava, mas literalmente direcionava os investimentos de uma prefeitura. Sim, você leu direito: uma empresa privada apontando onde o dinheiro público deveria ser aplicado.
Os Bastidores da Operação
A PF não acorda um belo dia e decide investigar alguém por capricho. As provas colhidas até agora — e olha que são muitas — sugerem que a tal consultoria tinha acesso privilegiado a informações que, convenhamos, não deveriam estar circulando livremente.
Imagina só: documentos internos, planilhas de orçamento, projetos em andamento... Tudo isso parecia estar à disposição da empresa como se fosse material público. Só que não era.
O Modus Operandi
Como será que funcionava esse esquema? Bem, segundo as investigações, a consultoria:
- Tinha acesso antecipado a informações estratégicas da prefeitura
- Indicava onde e como os recursos deveriam ser aplicados
- Beneficiava-se diretamente dessas orientações
- Mantinha relações, digamos, muito próximas com gestores públicos
Não é preciso ser um expert em direito para perceber que há algo de muito errado nessa equação.
As Consequências
O pior de tudo — se é que pode piorar — é que estamos falando de dinheiro que deveria estar sendo usado em saúde, educação, infraestrutura. Enquanto isso, seguia sendo desviado para interesses particulares.
Quantas escolas deixaram de ser reformadas? Quantos postos de saúde ficaram sem equipamentos? Quantas ruas permaneceram esburacadas? Perguntas que, francamente, dão um nó no estômago.
E o mais irônico: a consultoria se apresentava como especialista em eficiência e transparência. Haja cinismo.
O Que Diz a Lei
Do ponto de vista jurídico, a situação é gravíssima. Estamos falando de possíveis crimes de:
- Improbidade administrativa
- Tráfico de influência
- Corrupção ativa e passiva
- Formação de quadrilha
Não são acusações pequenas, convenhamos. E a PF parece ter provas robustas para sustentar a investigação.
Reflexões Necessárias
O caso me faz pensar: até que ponto confiamos cegamente em consultorias? Será que não estamos terceirizando decisões que deveriam ser tomadas por servidores públicos?
É claro que assessorias especializadas têm seu valor — ninguém discute isso. O problema começa quando a linha entre "assessorar" e "decidir" fica embaralhada. E pior ainda quando interesses privados se sobrepõem ao interesse público.
Que fique o alerta: transparência não é apenas um discurso bonito para campanhas eleitorais. É uma necessidade premente em todos os níveis da administração pública.
Enquanto isso, a PF segue seu trabalho. E torcemos para que a verdade, seja ela qual for, venha à tona. Porque o Brasil já está cansado de escândalos — o que precisamos são de soluções.