Coaf detecta tentativa de burla em saques de ex-assessor de Hugo Motta
Coaf vê burla em saques de assessor de Hugo Motta

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou indícios de tentativa de burla em uma série de saques em espécie realizados por Jerônimo Arlindo da Silva Júnior, conhecido como Júnior do Peixe, durante o período em que ele acumulava funções como assessor do deputado Hugo Motta e diretor da Conafer.

Os saques e a suspeita de burla

De acordo com relatório de inteligência do Coaf, Júnior do Peixe sacou pelo menos 175.000 reais em dinheiro vivo entre novembro de 2020 e janeiro de 2021. As retiradas foram realizadas sempre com valores inferiores a 50.000 reais, que é o limite que obriga os bancos a comunicarem as transações ao órgão de controle financeiro.

O documento, compartilhado com a CPMI do INSS, aponta explicitamente uma "tentativa de burla da identificação do destino" do dinheiro sacado por Júnior do Peixe. A estratégia de manter os valores abaixo do limite de reporte obrigatório levantou suspeitas sobre as reais intenções por trás das operações.

Acumulo de funções e contradições

Jerônimo Arlindo da Silva Júnior exerceu simultaneamente, por alguns meses, as funções de assessor do deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) e de diretor de políticas públicas da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Emprecedores Familiares Rurais (Conafer).

Os dados enviados à CPMI contradizem a versão apresentada por Júnior do Peixe de que "não mantinha qualquer vínculo" com a Conafer durante o período em que trabalhava para o deputado. A Conafer é a segunda entidade que mais lucrou com descontos de aposentadorias no país.

Investigação e próximos passos

Diante das evidências apresentadas pelo Coaf, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) decidiu aprofundar as investigações sobre o caso. Novas quebras de sigilo bancário estão sendo solicitadas para obter mais informações sobre as transações financeiras envolvendo Júnior do Peixe.

Procurado pela revista VEJA para se manifestar sobre o caso, o presidente da Câmara, Hugo Motta, preferiu não comentar as acusações contra seu ex-assessor. As investigações continuam em andamento e novas informações devem surgir com o avanço dos trabalhos da CPMI.