Bolsonaro tenta violar tornozeleira com ferro de soldar e alega delírio
Bolsonaro tenta violar tornozeleira com ferro de soldar

O ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta uma situação crítica após ser flagrado tentando violar sua tornozeleira eletrônica utilizando um ferro de soldar. O incidente ocorreu no sábado, 22 de novembro, quando Bolsonaro completava quatro meses usando o dispositivo de monitoramento.

O diálogo revelador

Em uma gravação obtida pela diretora do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, Rita Gaio, fica evidente a tentativa de danificar o equipamento. "Equipamento 85916-5. O senhor usou alguma coisa pra queimar?", questionou a diretora. A resposta de Bolsonaro foi direta: "Meti um ferro quente aqui".

O diálogo continua com a profissional tentando entender melhor o ocorrido: "Ferro quente?" Bolsonaro respondeu: "Curiosidade..." Quando questionado sobre que tipo de ferro era, o ex-presidente foi específico: "Não. Ferro de soldar, solda".

Mudança na versão dos fatos

Na manhã seguinte ao incidente, acompanhado por seu advogado, Bolsonaro apresentou uma versão completamente diferente aos juízes. Ele alegou ter surtado em meio a uma "certa paranoia", atribuindo o comportamento a efeitos colaterais de medicamentos.

Entre os remédios mencionados estavam o ansiolítico pregabalina e o antidepressivo Sertralina, prescritos por médicos diferentes. Ou seja, após ser flagrado em delito com o ferro de soldar, Bolsonaro passou a alegar delírio medicamentoso típico de paciente psiquiátrico.

Contexto processual e consequências

A tornozeleira eletrônica havia sido imposta como medida preventiva pelo Supremo Tribunal Federal com base em evidências apresentadas pela polícia. Entre as provas estava um plano de fuga elaborado por militares do Destacamento de Reconhecimento e Caçadores e do Comando de Operações Especiais do Exército.

Este plano estava resumido em um arquivo de cinco slides encontrado no notebook do coronel Mauro Cid, ex-ajudante-de-ordens da Presidência que delatou Bolsonaro e aliados envolvidos na tentativa frustrada de golpe de estado de 2022.

A partir da manhã desta terça-feira, 25 de novembro, o STF pode determinar o cumprimento da pena de 27 anos e três meses de prisão, com início em regime fechado. A tentativa de violação da tornozeleira pode ter consequências ainda mais graves para o ex-presidente.

Se Bolsonaro já havia perdido o direito à prisão domiciliar, o episódio do ferro de soldar pode credenciá-lo à ala psiquiátrica de algum complexo hospitalar penal de segurança mínima, conforme análise de especialistas.

Os autos do processo revelam duas versões contrastantes do ex-presidente: uma de homem deprimido e debilitado, e outra de líder excitado em discussões sobre anulação de eleições e medidas extremas contra as instituições democráticas.