A Prefeitura de São Paulo anunciou nesta sexta-feira, 5, a decisão de decretar a caducidade dos contratos da empresa de ônibus Transwolff. A medida, tomada pela gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), ocorre em meio a investigações que apontam um suposto elo da companhia com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
A Transwolff reagiu de forma imediata, afirmando que vai acionar judicialmente a administração municipal. A empresa alega que o decreto é arbitrário e ilegal, e que foi publicado antes da conclusão dos trabalhos de um grupo técnico multidisciplinar instituído pela própria Secretaria de Transportes.
Operação Fim da Linha e as Suspeitas
A decisão da prefeitura não é isolada. Ela está diretamente ligada à Operação Fim da Linha, deflagrada em abril de 2024 pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP). A ação investigava a Transwolff e outra empresa, a UPBus, por suspeitas de lavagem de dinheiro e favorecimento ao PCC.
De acordo com as investigações, o dinheiro utilizado para aumentar o capital da Transwolff teria origem ilícita, proveniente de atividades da facção criminosa. O esquema supostamente envolvia o uso de "laranjas" e "CNPJs fantasmas", uma prática típica para ocultar a origem real de recursos.
Em função dessas suspeitas graves, a Prefeitura já havia aberto um processo administrativo para rescindir os contratos em dezembro de 2024. Desde abril do mesmo ano, a Transwolff já estava sob intervenção judicial.
Resposta da Empresa e Impacto na Operação
Em nota oficial, a Transwolff defendeu-se veementemente. A empresa nega qualquer vínculo com o crime organizado, afirmando não haver "comprovação de qualquer relação com organizações criminosas ou de atividades ilícitas".
Além disso, a companhia criticou o timing da decisão, argumentando que a caducidade se apoia em questões financeiras comuns ao setor e que seriam plenamente sanáveis. A Transwolff também alega ter apontado irregularidades no processo administrativo que, segundo ela, justificariam uma comunicação ao Ministério Público.
Apesar da ruptura contratual, a administração municipal garante que não haverá impacto direto para os mais de 500 mil passageiros que utilizam diariamente as 133 linhas operadas pela empresa, principalmente nas zonas Sul e Leste da cidade.
Transição e Garantias
A gestão dos serviços foi transferida integralmente para a SPTrans, a empresa municipal de transporte público. A prefeitura assegurou que:
- Todos os empregos serão mantidos, com salários e benefícios preservados.
- A SPTrans assumirá os pagamentos aos fornecedores para garantir a continuidade sem interrupções.
- O contrato, que tinha vigência até 2034, foi formalmente extinto.
Agora, o conflito segue para a esfera judicial. Enquanto a Prefeitura de São Paulo fundamenta sua decisão em indícios graves de falhas contratuais e ligações com o crime organizado, a Transwolff se prepara para contestar a medida, prometendo uma batalha legal pela reversão do decreto de caducidade.