Decisão judicial mantém contraventor em regime rigoroso
A Justiça determinou a permanência do contraventor Rogério de Andrade no Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, onde cumpre Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) há um ano. A decisão foi tomada pela juíza-corregedora substituta Franscielle Martins Gomes Medeiros na terça-feira, 25 de fevereiro.
Recurso do Ministério Público foi acatado
A medida confirma pedido da 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa e atende a recurso do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro. A decisão derruba a possibilidade de retorno ao Rio, que havia sido aberta após a Oitava Câmara Criminal suspender o RDD há uma semana.
Para o Ministério Público, Andrade continua a comandar uma organização criminosa mesmo da prisão e representa risco à segurança do estado. O contraventor está preso desde outubro de 2024 e é acusado de mandar matar o rival Fernando Iggnácio.
Histórico de violência e disputa pelo poder
Fernando Iggnácio, genro e herdeiro do contraventor Castor de Andrade, foi executado em 10 de novembro de 2020 em uma emboscada no Recreio dos Bandeirantes. A vítima tinha acabado de desembarcar de um helicóptero, vindo de Angra dos Reis, na Costa Verde, e foi alvejada com tiros de fuzil 556 ao caminhar até o carro.
Rogério é sobrinho de Castor de Andrade, um dos nomes mais conhecidos da contravenção carioca. Com a morte do tio em 1997, não herdou imediatamente o espólio da contravenção. O controle do império criminoso ficou com Paulo Roberto de Andrade (Paulinho), filho de Castor, e com Fernando Iggnácio, genro do chefão.
Na divisão, Iggnácio assumiu os caça-níqueis, enquanto Paulinho ficou responsável pelas bancas do bicho. Porém, Rogério considerava ter direito à herança e iniciou uma disputa territorial com ambos.
Paulinho foi assassinado em 1998, crime atribuído a Rogério, que assumiu o negócio do primo e começou a avançar sobre o território de Iggnácio. Investigações da Polícia Federal mostram que a disputa entre Rogério Andrade e Fernando Iggnácio entre 1999 e 2007 resultou em 50 mortes, incluindo policiais acusados de prestar serviços para os contraventores.
Com a decisão judicial, Rogério Andrade permanecerá na unidade federal até novembro de 2026. A TV Globo tenta contato com a defesa do contraventor para obter posicionamento sobre o caso.