Quadrilha de joias em Ribeirão Preto usava tecnologia avançada
Quadrilha milionária de joias usava tecnologia em SP

Uma sofisticada organização criminosa especializada em roubos de joias foi desmantelada em Ribeirão Preto, após causar prejuízos milionários à população. As investigações revelaram operações complexas que conectavam três estados brasileiros através de uma rede de receptação.

Tecnologia a serviço do crime

Os criminosos demonstravam capacidade operacional avançada, utilizando equipamentos de última geração para cometer seus crimes. Entre as ferramentas estavam aparelhos para decodificar controles de portões eletrônicos, sistemas para burlar reconhecimento facial e até um aplicativo que permitia rastrear bens de pessoas para selecionar vítimas ideais.

O planejamento minucioso incluía monitoramento prévio com câmeras instaladas em locais estratégicos. Em um caso emblemático, a quadrilha alugou um apartamento usando documentos falsos e pagou um depósito caução de R$ 12 mil em uma imobiliária, apenas para se infiltrar no condomínio que seria alvo do assalto.

Dois crimes milionários

As investigações concentraram-se em dois episódios específicos que totalizaram R$ 10 milhões em prejuízos. O primeiro ocorreu em maio, quando criminosos invadiram uma casa no bairro Ribeirânia, na zona leste da cidade, onde renderam um casal de idosos, seu filho e uma funcionária.

Nessa ação, foram levadas 300 peças de joias, incluindo um valioso colar de ouro e diamantes comprado há mais de 20 anos. A ironia do caso veio quando a esposa da vítima identificou sua própria joia sendo vendida ao vivo no programa "Mil e Uma Noites", do Paraná.

O segundo crime aconteceu em 24 de setembro, quando a quadrilha executou um "arrastão" em um edifício de alto padrão no Centro de Ribeirão Preto. Prestadores de serviço e moradores foram rendidos durante a invasão de seis apartamentos, com perdas estimadas em mais de R$ 4 milhões.

Alerta sobre desnível de recursos

Durante coletiva do Ministério Público e da Polícia Civil, o promotor de Justiça Paulo José Freire Teotônio fez um alerta contundente sobre a diferença de investimentos entre a polícia e o crime organizado.

"Eu até costumo dizer que essa associação criminosa estava a anos-luz nos investimentos que a polícia tem no estado de São Paulo", declarou Teotônio. "Não vão gostar de eu falar isso, mas precisa investir na Polícia Civil e precisa ser agora".

O promotor enfatizou que a instituição possui material humano de qualidade, mas insuficiente em número e equipamentos. "Passou da hora de a gente cobrar os nossos políticos. Eles precisam fazer a sua parte", completou.

As investigações envolvendo a Divisão Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Ribeirão Preto resultaram na identificação de 12 pessoas pelo roubo na Ribeirânia e 17 indivíduos pelo arrastão no centro, sendo que 15 já estão presos. A rede de receptação abrangia os estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná.