A Polícia Federal prendeu em flagrante, na última quinta-feira (4), um cabo da Polícia Militar e outros dois homens após encontrá-los com R$ 2,5 milhões em espécie dentro de uma mala em um shopping center da Zona Leste de Manaus. Os três suspeitos, identificados como Rayron Costa Bezerra (policial militar), Ruan Lima Silva e Marcos Aurélio Santos da Cruz, foram detidos após uma denúncia sobre um suposto esquema de lavagem de dinheiro.
Detalhes da Operação e Participação dos Suspeitos
De acordo com a decisão da juíza federal Ana Paula Serizawa Silva Podedworny, os homens haviam acabado de sacar o dinheiro em uma agência bancária localizada dentro do shopping São José. No momento da abordagem, quem carregava a mala era o cabo Rayron Costa Bezerra, que atuava na Casa Militar do Amazonas, mas estava de folga.
A investigação aponta que Ruan Lima Silva e Marcos Aurélio Santos da Cruz estariam diretamente envolvidos na retirada do valor em nome de uma empresa suspeita de ser de fachada. Já o policial militar, segundo a magistrada, teria atuado apenas na segurança do transporte, sem participação direta no saque.
Decisão Judicial e Medidas Cautelares
Após audiência de custódia na sexta-feira (5), todos foram beneficiados com liberdade provisória, mas com condições distintas. Por considerar sua participação de menor relevância, o cabo Rayron foi liberado sem a imposição de fiança, tendo apenas a obrigação de comparecer a todos os atos processuais.
Para os outros dois, a Justiça impôs medidas cautelares mais rígidas:
- Fiança: Ruan terá que pagar 10 salários-mínimos (R$ 15.180) e Marcos, 5 salários-mínimos (R$ 7.590).
- Apresentação mensal em juízo.
- Proibição de deixar Manaus, com exceção autorizada para Ruan se deslocar até Manacapuru, cidade da namorada.
- Obrigação de manter dados de contato atualizados e comparecer a todos os atos do processo.
A juíza alertou que o descumprimento de qualquer condição pode resultar na decretação de prisão preventiva.
Investigação sobre Lavagem de Dinheiro e Empresa de Fachada
As investigações seguem para apurar um possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro. Informações obtidas pela Rede Amazônica indicam que um dos detidos é dono de uma empresa registrada como "comércio varejista de artigos de papelaria", criada em maio de 2024 com capital social de apenas R$ 10 mil.
O endereço dessa empresa coincide com o de uma grande rede de colchões no estado, levantando fortes suspeitas de que se trate de uma operação de fachada. A Polícia Federal solicitou a quebra do sigilo dos aparelhos telefônicos apreendidos, pedido que será analisado pelo Ministério Público Federal (MPF).
Consequências para o Policial Militar
O Governo do Amazonas informou que o cabo Rayron Costa Bezerra foi imediatamente exonerado da função de motorista que exercia na Casa Militar. A Polícia Militar do Amazonas também abriu um procedimento administrativo disciplinar para apurar sua conduta. Ele foi afastado das atividades operacionais e teve sua arma funcional recolhida.
O caso, que chama atenção pela quantia elevada em dinheiro vivo e pela participação de um agente da segurança pública, continua sob as investigações da Polícia Federal e do MPF.