
Numa quartafeira que prometia ser comum, a rua Virgílio de Souza Pinto, no Jardim Santa Rosália, em Sorocaba, foi palco de uma cena digna de filme policial. Mas não era ficção. Era a Operação Garage em seu auge, um golpe duro aplicado pela Polícia Civil contra um esquema de receptação que vinha tirando o sossego de motociclistas da região.
Pouco depois das 10h da manhã, os agentes, munidos com um mandado judicial, invadiram uma oficina mecânica que, sob uma fachada legítima, abrigava um verdadeiro centro de desmonte de veículos roubados. A surpresa foi grande. Lá dentro, não se encontravam motos prontas para conserto, mas sim mais de 200 peças – tanques de combustível, rodas, motores, bancos, painéis – meticulosamente separadas e prontas para serem comercializadas no mercado negro.
Parece coisa de organização profissional, e era mesmo. A investigação, conduzida com pulso firme pela Delegacia de Defesa do Patrimônio (DDP), não começou ontem. Foram longos meses de apuração, rastreando furtos de motos e cruzando dados, até que as peças do quebra-cabeça se encaixaram e apontaram para aquele endereço específico.
Dois homens detidos e o modus operandi
Dois homens, um de 32 e outro de 41 anos, foram conduzidos à delegacia para prestar esclarecimentos. A polícia acredita que eles eram os operadores-chave do local, responsáveis por desmontar as motocicletas furtadas e vender as peças, uma prática que, convenhamos, movimenta uma grana preta considerável e alimenta todo um ciclo de criminalidade.
O esquema era, de certa forma, engenhoso – e assustadoramente eficiente. As motos chegavam, sumiam como veículos inteiros e reapareciam no mercado como peças soltas, praticamente impossíveis de serem rastreadas. Quem comprava uma roda ou um motor usadinho, sem saber, estava fechando negócio com o crime.
O que acontece agora?
Os dois suspeitos passaram por interrogatório e, ao final, foram autuados em flagrante por receptação qualificada. A lei é clara e a pena para esse crime não é branda. Eles foram encaminhados ao sistema prisional, enquanto a polícia continua nas investigações – porque, cá entre nós, uma operação dessas sempre deixa pontas soltas. A expectativa é que novos desdobramentos e possíveis outros envolvidos surjam.
Para as vítimas de furto, a ação traz um fiapo de esperança. Muitas das peças apreendidas já estão sendo periciadas e comparadas com boletins de ocorrência. Quem sabe alguém não reencontra aquele tanque de moto que sumiu meses atrás? A dor de cabeça para refazer a documentação do veículo é enorme, mas recuperar uma parte já é um alívio.
No fim das contas, a Operação Garage serviu como um recado claro: Sorocaba não está de braços abertos para quem acha que pode lucrar com o prejuízo alheio. A Polícia Civil mostrou que está de olho, investigando e fechando o cerco. E para a população, fica a lição: desconfiem de peças usadas com preço muito abaixo do mercado. Às vezes, a barganha pode custar mais caro do que se imagina.