Uma operação da Delegacia Especializada em Investigações Criminais (Deic) resultou na prisão de uma mulher de 31 anos suspeita de tráfico de drogas no Jardim Paraíso, em São José do Rio Preto. A ação ocorreu na manhã desta quarta-feira (26) e integra o combate à guerra de gangues que assombra moradores das zonas Leste e Norte da cidade.
Estrutura de combate ao crime organizado
Três investigadores e um agente policial coordenam as operações que vêm desarticulando grupos criminosos envolvidos na disputa territorial pelo tráfico. O trabalho especializado tem fornecido respostas para uma questão que há anos preocupa a população: quem está por trás dos conflitos entre gangues?
As investigações já identificaram os principais chefes de uma das facções: Kalyson Signorini de Angelo Macedo, de 20 anos, e Rian Lucas Braga Vieira da Silva, de 22 anos. As prisões realizadas pela Deic ajudam a cortar o fluxo de armamento e dinheiro que alimenta as organizações criminosas.
Números da guerra às gangues
No ano passado, a Polícia Civil deflagrou 36 operações, sendo 13 relacionadas diretamente à guerra entre gangues. O balanço impressiona: 97 pessoas foram presas nas ações, com 54 delas tendo ligação comprovada com a disputa territorial pelo tráfico de drogas.
Uma das operações de maior destaque ocorreu em duas etapas, com intervalo de apenas 11 dias. Nessa ação, 14 mulheres, com idades a partir de 20 anos, foram presas. As investigações revelaram que elas mantinham o tráfico funcionando em alguns bairros mesmo após a prisão de outros integrantes do grupo envolvido em assassinatos e tentativas de homicídio.
Ciclo de violência e vingança
O Ministério Público mapeou em Rio Preto pelo menos oito grupos criminosos ligados à rivalidade entre bairros, envolvendo adultos e jovens. A motivação dos crimes mistura disputa por território, vingança e conflitos pessoais.
Segundo o promotor, em quase todos os casos há envolvimento de relacionamentos em desavença, o que aumenta a rivalidade entre os envolvidos nos conflitos. Um padrão preocupante foi identificado: muitas vítimas de tentativa de homicídio se recusam a apontar os autores às autoridades e preferem a vingança pessoal.
"A vítima, na situação de guerra do bairro, prefere dar o troco. Ela esconde do próprio Estado, que tem atribuição de investigação, a autoria do crime. Vai lá, com seus amigos, e executa o sujeito que tentou matá-la. Do outro lado, acontece a mesma coisa. E assim a violência se retroalimenta", explica o promotor.
Os dados e informações exclusivas sobre o grupo criminoso foram obtidos pela equipe da TV TEM e são exibidos na série de reportagens especiais "Guerra de Gangues", que começou a ser veiculada na última segunda-feira (24).