O Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) cumpre nesta quarta-feira (26) mandados de bloqueio de bens e busca e apreensão contra um grupo criminoso suspeito de operar um esquema de agiotagem em Mato Grosso. A operação, batizada de Fides Fracta - que significa "elo rompido" em latim - investiga 27 pessoas, sendo sete policiais militares e vinte civis.
Esquema de empréstimos forçados e tortura
De acordo com o promotor de Justiça João Batista, o grupo investigado operava empréstimos forçados a outros policiais militares, chegando a praticar tortura contra as vítimas para que aceitassem as propostas com juros abusivos. Em entrevista à TV Centro América, o promotor detalhou que as vítimas eram coagidas a aceitar condições financeiras extremamente desfavoráveis.
As investigações começaram após a Corregedoria-Geral da PM receber uma denúncia anônima sobre movimentações suspeitas que apontavam para um crescimento desproporcional do patrimônio dos PMs envolvidos no esquema.
Origem do crime organizado
Conforme apurou o Ministério Público, o esquema foi montado após um ex-PM sair da corporação por considerar que o salário "não era interessante" e buscar outras formas de angariar dinheiro. O ex-policial militar teria criado uma estrutura bem definida que chegou a movimentar mais de R$ 5 milhões em transações suspeitas.
O caso inicialmente foi parar na Justiça Militar, que entendeu não ser de sua competência e encaminhou o processo para a justiça comum em 2021. A partir desse momento, o Gaeco assumiu as investigações e identificou outros policiais ligados ao esquema criminoso.
Operação conjunta e desdobramentos
A Operação Fides Fracta está sendo cumprida pelo Gaeco em conjunto com as polícias Civil, Militar, Penal e o Sistema Socioeducativo. Os mandados estão sendo executados em Cuiabá, Várzea Grande e Goiânia (GO).
Entre os aspectos que ainda estão sendo investigados está a possível compra de uma aeronave por um dos integrantes do grupo criminoso, o que demonstra o poderio financeiro alcançado pela organização.
Em nota oficial, a Polícia Militar informou que todos os envolvidos já foram afastados de suas atividades e que já adotou todas as providências para responsabilizar os investigados. A corporação ressaltou que não endossa nenhum tipo de crime ou atividade ilícita por parte de seus integrantes.