Paraguai desmonta rede que abastecia Comando Vermelho com armas
Paraguai desmonta rede do Comando Vermelho

A Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (SENAD) realizou nesta segunda-feira (24) uma operação que resultou no desmantelamento de uma sofisticada rede criminosa que abastecia o Comando Vermelho com armas e drogas. O esquema operava sob a fachada de uma importadora de veículos de luxo localizada em Assunção, capital paraguaia.

Modus Operandi da Organização Criminosa

De acordo com as investigações, a empresa de importação servia como cobertura para atividades ilegais. Os automóveis de luxo eram meticulosamente adaptados com compartimentos ocultos para transportar drogas e armamentos com destino às favelas do Rio de Janeiro. Durante a operação, os agentes descobriram uma parede falsa dentro do escritório da empresa, onde parte do material ilícito estava escondido.

As autoridades identificaram dois principais suspeitos: Víctor Manuel Greco Céspedes, apontado como proprietário e financiador da empresa de fachada, e Gustavo Alejandro González Díaz, conhecido pelo apelido "Chaco", responsável pela logística do esquema.

Estrutura Internacional do Tráfico

Segundo a SENAD, Greco delegava a Chaco a tarefa de coordenar as modificações nos veículos. As investigações também revelaram que Chaco viajava frequentemente à Bolívia para adquirir armamentos. Os itens eram desmontados antes de ingressarem no Paraguai, uma estratégia deliberada para dificultar a detecção pelas forças de segurança.

Entre os materiais apreendidos durante a operação estavam:

  • Munições de calibre .50
  • Porções de cocaína e maconha
  • Componentes de fuzis automáticos e semiautomáticos

Fortalecimento das Fronteiras

No final de outubro, o governo paraguaio havia reforçado o policiamento na fronteira com Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. A medida foi tomada após um alerta sobre o risco de fuga de traficantes do Comando Vermelho, consequência da megaoperação da polícia do Rio de Janeiro nos complexos da Penha e do Alemão.

Naquela ocasião, a operação policial no Rio resultou em 121 mortes, incluindo quatro policiais, tornando-se a mais letal da história do estado. Em resposta, o Paraguai intensificou o controle de veículos que cruzam as fronteiras com o Brasil e aumentou o patrulhamento marítimo no rio Paraná, realizado pela Marinha paraguaia.

O governador do Paraná, Ratinho Junior, havia cobrado anteriormente uma fiscalização mais rigorosa nas fronteiras entre os estados brasileiros. "Esses fuzis que foram pegos no Rio de Janeiro não vieram andando, vieram por alguém que estava trazendo, e vieram pelas nossas fronteiras. O Brasil tem que começar a ter uma política de defesa das suas fronteiras para evitar que esse tipo de armamento, esse tipo de drogas, entre no nosso país", defendeu o governador.

A operação desta segunda-feira representa um golpe significativo nas rotas de abastecimento do crime organizado que conectam o Paraguai ao Brasil, demonstrando a importância da cooperação internacional no combate ao tráfico de armas e drogas.