A Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou nesta quarta-feira (19) uma operação de combate a uma organização criminosa especializada em roubos utilizando motocicletas, principalmente na Zona Sul da cidade. Seis mandados de prisão foram cumpridos, enquanto duas pessoas envolvidas permanecem foragidas.
Modus operandi da quadrilha
De acordo com as investigações da 15ª DP (Gávea), os criminosos atuavam de forma organizada e possuíam um método específico para seus crimes. Eles abordavam as vítimas armados, ameaçavam com armas de fogo e exigiam não apenas celulares e joias de ouro, mas também as senhas dos aparelhos móveis.
"Eles sempre agem de moto porque fogem mais rápido e é a forma mais rápida para roubar. Eles abordam as vítimas, usam a arma de fogo para ameaçar e pedem não só o celular como a senha do celular, assim como joias como aliança e cordão", explicou a delegada Daniela Terra.
Organização criminosa sofisticada
O grupo demonstrava alto nível de organização, com cada integrante exercendo uma função específica dentro da quadrilha. Os dados bancários das vítimas eram compartilhados imediatamente através de grupos de mensagens antes que os aparelhos pudessem ser bloqueados.
"Eles pegam os objetos, saem do local do crime, e param a moto no meio de outras, que são legais, de entregadores normais. Eles mandam os dados das vítimas para um grupo de Whatsapp onde estão os outros criminosos", detalhou a delegada.
Área de atuação e estatísticas alarmantes
As investigações revelaram que a quadrilha não atuava apenas na Zona Sul, mas também na Grande Tijuca e em outros bairros. Os roubos em série ocorriam em regiões como Gávea, Jardim Botânico e na área da Lagoa Rodrigo de Freitas.
Segundo dados da Polícia Militar, mais da metade dos roubos de rua na região da Grande Tijuca envolvem criminosos usando motocicletas, com 25% dos casos concentrados na região do Maracanã.
Os criminosos partiam de comunidades como o Complexo do Lins, na Zona Norte da cidade, para cometer os crimes nas áreas mais nobres. A delegada destacou que "na Avenida Maracanã foram três casos seguidos do mesmo grupo criminoso".
Rede de receptação e ourives preso
A polícia identificou que os produtos roubados eram revendidos tanto na comunidade quanto pela internet. As joias eram avaliadas por um ourives que fazia parte da organização e que foi preso durante a operação.
As investigações indicam que o ourives comprava os itens roubados por preços abaixo do mercado ou produzia peças para os integrantes da quadrilha. Duas mulheres que recebiam as encomendas dos produtos comprados com os dados das vítimas também foram presas.
Relatos das vítimas e crueldade
Uma das vítimas relatou o trauma vivido durante o assalto: "Dois elementos em uma única moto me renderam. Mas, quando eu saí do carro, eu observei que tinha outra moto com mais dois elementos. O sentimento é que você vai morrer. O cara com uma pistola o tempo todo apontada para a sua cabeça".
Em alguns casos, os criminosos demonstraram extrema crueldade, como em um episódio ocorrido em Todos os Santos, onde obrigaram a vítima a se deitar no chão durante o roubo.
A operação desta quarta-feira ocorre no contexto de uma força-tarefa lançada pelo Governo do Estado na terça-feira (18) especificamente para combater crimes nos quais motocicletas são utilizadas, demonstrando o compromisso das autoridades em enfrentar esse padrão delituoso que tem aterrorizado a população carioca.