Operação Mira desmantela rede que escravizava paraguaios em fábrica de cigarros em SP
Operação Mira desmantela rede de trabalho escravo com paraguaios

Não é todo dia que a gente vê uma operação policial desmontar um esquema tão cruel. Mas foi exatamente isso que aconteceu nesta segunda-feira (15), quando a Operação Mira colocou um ponto final na atuação de uma organização criminosa especializada em aliciar paraguaios para trabalhar em condições degradantes no Brasil.

Parece roteiro de filme, mas é a pura realidade: os criminosos agiam como verdadeiros "recrutadores do inferno", seduzindo as vítimas com promessas de empregos bem remunerados no Paraná. Só que o destino real era bem diferente — uma fábrica clandestina de cigarros no interior de São Paulo, onde os trabalhadores viviam em regime de escravidão.

Como funcionava o golpe

O modus operandi era tão simples quanto perverso:

  • Anúncios falsos oferecendo vagas no PR
  • Transporte "gratuito" até o Brasil
  • Confisco de documentos ao cruzar a fronteira
  • Dívidas inventadas para manter controle

E o pior? Muitas vezes as famílias inteiras caíam na armadilha. Homens, mulheres e até adolescentes — todos transformados em mão de obra escrava na produção ilegal de cigarros.

Condições desumanas

Quem pensa que trabalho escravo é coisa do século XIX precisa conhecer esse caso. Os locais onde essas pessoas eram mantidas tinham:

  1. Alojamentos superlotados
  2. Falta total de higiene
  3. Jornadas exaustivas (até 16h por dia)
  4. Alimentação precária

E se alguém reclamava? As ameaças eram imediatas. "Ficavam com medo de denunciar porque os criminosos diziam que iam matar suas famílias no Paraguai", contou um dos investigadores, que preferiu não se identificar.

Desfecho da operação

Depois de meses de investigação sigilosa — e com direito a reviravoltas dignas de série policial — a polícia finalmente conseguiu:

  • Prender 12 integrantes da organização
  • Resgatar 37 trabalhadores em situação análoga à escravidão
  • Appreender R$ 500 mil em equipamentos e produtos ilegais

Os alvos principais? Dois irmãos que comandavam toda a operação desde o Paraguai, usando laranjas no Brasil para não deixar rastros. Mas a justiça, dessa vez, não deixou barato.

E agora? As vítimas estão recebendo atendimento humanizado enquanto se preparam para voltar para casa. Já os criminosos, se condenados, podem pegar até 10 anos de cadeia por tráfico de pessoas e redução à condição análoga à de escravo.

Uma história que mostra como, mesmo em 2025, ainda precisamos lutar contra formas modernas de escravidão. E você, sabia que casos assim ainda acontecem com frequência nas fronteiras do país?