Operação em MT desmantela facção: sequestros, tortura e sonegação fiscal expostos
Operação em MT combate facção por sequestro e sonegação

Nesta segunda-feira, 26, Mato Grosso acordou sob o ritmo pesado de uma operação policial de grande porte. Não era algo rotineiro, longe disso. A Polícia Civil, com mandados de busca e apreensão nas mãos, partiu para desarticular uma rede criminosa que agia com uma frieza impressionante. O alvo? Integrantes de uma facção – e a investigação aponta fortes elos com o Primeiro Comando da Capital (PCC) – acusados de uma lista assustadora de crimes.

Imagine só: sequestro, cárcere privado, tortura... e, pasme, sonegação fiscal. Soa como uma combinação bizarra, não? Pois é exactamente essa a trama que foi desvendada. A investigação, que já rola há tempos nas mãos de delegados especializados, descobriu que o grupo não se limitava à violência pura e simples. Eles tinham um braço financeiro, um esquema sofisticado para lavar dinheiro e fraudar o fisco.

Do crime violento ao crime de colarinho branco

Os investigadores pintam um quadro complexo. De um lado, a brutalidade: vítimas eram sequestradas e mantidas em cativeiro, submetidas a sessões de tortura para quitar supostas dívidas ou por rixas internas. Do outro, uma operação quase corporativa. Eles geravam notas fiscais frias – documentos falsos para empresas de fachada – para justificar uma grana preta que vinha de actividades ilícitas. Era uma lavagem de dinheiro com aparência de legalidade, uma farsa completa.

Os mandados judiciais foram cumpridos em três municípios-chave: Cuiabá, Várzea Grande e Lucas do Rio Verde. Três focos de actuação desse grupo que, segundo as autoridades, espalhava seus tentáculos por mais de uma cidade. A operação foi batizada de «Calibre Certo», um nome que não deixa dúvidas sobre a precisão e o poder de fogo – investigativo, claro – que estava por trás dela.

O que se espera encontrar?

As buscas não são à toa. A polícia espera apreender uma série de itens cruciais para desmontar a organização:

  • Armas de fogo: instrumentos de coerção e poder.
  • Documentação: papéis que comprovem a fraude fiscal e a lavagem de dinheiro.
  • Dinheiro em espécie: o produto final de todo o esquema.
  • Celulares e computadores: onde, suspeita-se, estavam os registos da comunicação criminosa.

Não é todo dia que se vê uma operação que une, no mesmo pacote, investigação financeira de alto nível e apuração de crimes hediondos. Isso mostra uma evolução – ainda que assustadora – do crime organizado, que se diversifica e se infiltra na economia formal. Por outro lado, também revela uma sofisticação por parte das forças de segurança, que aprenderam a seguir o rastro do dinheiro para chegar aos mandantes.

O que vai acontecer agora? Os passos seguintes dependem do que for encontrado nas buscas. Se as provas forem robustas, é bem provável que a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) venha a seguir, e os acusados respondam na Justiça por seus actos. A população fica na expectativa, é claro. Operações assim trazem um alívio, mas também deixam aquele gosto amargo de saber que coisas assim acontecem bem debaixo dos nossos narizes.