
Numa jogada que muita gente não entendeu de primeira, o ministro Alexandre de Moraes veio a público explicar uma daquelas decisões que parecem complicadas, mas que no fundo têm um propósito claro. A questão do Coaf, que agora responde ao Banco Central, não é — repito, não é — um freio nas investigações contra o crime organizado.
Aliás, quem pensou isso provavelmente subestimou a capacidade dos órgãos de inteligência. Moraes deixou claro: as operações contra lavagem de dinheiro e esquemas criminosos seguem firmes e fortes. O que mudou foi apenas a estrutura de subordinação, não a eficiência.
Mas e aí, o que realmente muda?
Bom, pra começar, o Coaf agora está sob o guarda-chuva do BC. E não, isso não significa que os investigadores perderam acesso aos dados ou que a troca de informações foi prejudicada. Pelo contrário. O ministro foi taxativo: a cooperação entre instituições continua — e deve até melhorar.
Numa daquelas falas que soam quase como um recado, Moraes lembrou que o sistema financeiro não pode ser terra sem lei. E que, com ou sem mudança administrativa, a lei será cumprida. Até porque, convenhamos, crime organizado não espera — e a Justiça também não pode.
E as críticas? Sempre existem.
Alguns setores, especialmente aqueles mais céticos, questionaram se a medida não poderia atrapalhar a agilidade das apurações. Moraes, num tom tranquilo mas firme, rebateu: não só não atrapalha, como pode até otimizar processos. A estrutura do BC oferece suporte técnico e operacional que — pasmem — pode ser mais eficiente do que o modelo anterior.
Não é sobre enfraquecer o combate ao crime. É sobre modernizá-lo.
E no fim das contas?
A impressão que fica é que, mais uma vez, o debate público se adiantou aos fatos. A mudança é administrativa, não estratégica. As investigações seguem de pé, os dados continuam sendo compartilhados e o que importa — vamos combinar? — é prender quem tem que ser preso.
Como bem lembrou o ministro, o importante não é quem comanda o barco, mas sim pra onde ele está indo. E nesse caso, o destino é um só: enfraquecer estruturas criminosas que há tanto tempo desafiam o Estado.
E aí, concordam? Ou será que ainda restam dúvidas?