
O Brasil ainda está tentando digerir aquele caso terrível do metanol — lembra? — e agora uma pesquisa do Datafolha joga luz sobre quem o brasileiro comum aponta como responsável por toda essa confusão. E os resultados, francamente, não surpreendem quem acompanha o noticiário.
Mais da metade da população, para ser exato 52%, crava que a culpa é mesmo do crime organizado. As facções, que já dominam tantos outros mercados ilegais, estariam por trás dessa rede sinistra de bebidas contaminadas. É um número que grita, não é?
Empresas legítimas também na berlinda
Mas espere, não é só o crime organizado na pauta. Um terço dos entrevistados (35%, pra ser mais preciso) acredita que as próprias empresas de bebidas — aquelas que deveriam zelar pela qualidade — têm sua parcela de responsabilidade no rolo. Seria descuido? Falta de controle? A pergunta fica no ar.
O que me faz pensar: será que o cidadão comum já perdeu a fé no sistema como um todo? Talvez.
O que os números revelam
- 52% dos brasileiros culpam diretamente o crime organizado pela contaminação
- 35% apontam as empresas de bebidas como corresponsáveis pelo ocorrido
- A pesquisa ouviu 2.516 pessoas em 147 municípios — uma amostra bastante representativa, diga-se
- A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos
E olha só como a percepção varia: entre os mais escolarizados, o índice de quem culpa as empresas sobe para 44%. Parece que quanto mais informação, mais crítica a visão sobre o setor regulado.
Um retrato da desconfiança nacional
O que essa pesquisa realmente mostra — e isso é preocupante — é o quanto o brasileiro está descrente das instituições. Quando algo dá errado, a primeira suspeita recai sobre quem já demonstrou capacidade para o ilícito. O crime organizado, nesse caso, virou quase um suspeito óbvio.
Mas não podemos ignorar que mais de um terço da população desconfia até das empresas que operam dentro da lei. Isso diz muito sobre o momento que vivemos.
No fim das contas, o caso do metanol virou mais do que uma questão de saúde pública — transformou-se num termômetro da confiança do brasileiro. E o resultado, pelo visto, não é nada animador.