Justiça nega recurso e mandante de chacina no Acre vai a júri popular
Mandante de chacina no Acre terá júri após recurso negado

A Câmara Criminal de Rio Branco, no Acre, decidiu de forma unânime que Wellington Costa Batista, conhecido como Nego Bala, será julgado pelo Tribunal do Júri. Ele é acusado de ser o mandante da chacina que matou seis pessoas no bairro Taquari, em novembro de 2023. O recurso apresentado pela defesa do acusado foi negado, confirmando a pronúncia para o júri popular.

O crime que chocou a capital acreana

Na noite de 3 de novembro de 2023, seis jovens foram assassinados a tiros dentro de uma casa na Rua Morada do Sol, no bairro Taquari. A polícia foi acionada pelo Centro de Operações Policiais Militares (Copom). No local, os agentes encontraram um jovem de 18 anos sendo atendido pelo Samu, após também ter sido baleado. As vítimas fatais foram identificadas como:

  • Valdei das Graças Batista dos Santos, 31 anos
  • Adegilson Ferreira da Silva, 38 anos
  • Luan dos Santos de Oliveira, 18 anos
  • Sebastião Ytalo Nascimento de Carvalho, 18 anos
  • Tailan Dias da Silva, 17 anos

De acordo com a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), o massacre foi motivado pela guerra de facções que disputam território na capital. O coordenador da DHPP, Alcino Júnior, acrescentou que uma das vítimas era parente de um dos presos mortos na rebelião do presídio Antônio Amaro, ocorrida em julho daquele ano.

As investigações e a conexão com Nego Bala

As investigações da Polícia Civil chegaram até Wellington Costa Batista após a apreensão de um adolescente, uma semana antes da chacina. O jovem, que teria ligação com uma facção criminosa, foi encontrado com uma arma furtada de um policial civil. A arma havia sido exibida nas redes sociais pelo adolescente e seus comparsas.

Após ser detido e confrontado com as provas pelo delegado Alcino Júnior, na presença de seu pai, o adolescente decidiu colaborar. Ele entregou seu celular, onde a polícia encontrou conversas e registros relacionados ao planejamento do crime. Em seu depoimento, o menor afirmou que o mentor intelectual da ação era Nego Bala, que comandava a operação via WhatsApp diretamente do Nordeste, onde estava preso.

A prisão de Wellington ocorreu posteriormente no Ceará. No momento da captura, os policiais relataram que ele quebrou seu celular. No local, foram encontrados mais de dez aparelhos telefônicos destruídos.

A decisão judicial e os argumentos da defesa

Na decisão que negou o recurso e manteve a pronúncia para o Tribunal do Júri, a Justiça destacou que a acusação não se baseia apenas no depoimento do adolescente. O processo reúne outros elementos de prova colhidos durante as investigações, que corroboram a autoria e a participação de Wellington.

A defesa do acusado alegou, em seu recurso, que não havia provas suficientes para confirmar sua autoria no crime, sustentando que a principal testemunha era o adolescente, cujo depoimento teria sido feito em condições duvidosas e posteriormente negado em juízo. No entanto, a Câmara Criminal não acatou esses argumentos.

O processo também ressalta que Wellington Costa Batista exerce posição hierárquica de destaque dentro da facção criminosa Comando Vermelho, o que foi considerado um agravante no caso.

Outros acusados e andamento processual

Além de Nego Bala, outras cinco pessoas foram denunciadas pela Justiça do Acre em janeiro de 2024 como responsáveis pela execução da chacina. São eles: Davidesson da Silva Oliveira (Escopetinha), Denilson Araújo da Silva (Jabá), Tony da Costa Matos (Tony Barroca), José Weverton Nascimento da Rosa (Raridade) e Ronivaldo da Silva Gomes (Roni).

Em janeiro do ano passado, mais de 11 meses após o crime, quatro dos acusados foram ouvidos durante audiência de instrução. A data para o julgamento de Wellington Costa Batista pelo Tribunal do Júri ainda não foi definida e não foi citada na decisão recente que negou o recurso de sua defesa.