Guerra de gangues: jovem executada com 7 tiros na frente dos filhos
Jovem executada com 7 tiros na frente dos filhos em Rio Preto

Uma cena de extrema violência chocou São José do Rio Preto no mês de agosto do ano passado. Júnia Calixto, de apenas 26 anos, foi executada com sete tiros na frente de seus dois filhos pequenos, de dois e quatro anos de idade. O brutal assassinato representa mais um capítulo sangrento da guerra entre gangues rivais que assola a cidade.

Os detalhes do crime

As câmeras de segurança registraram todo o momento da execução. Nas imagens, é possível ver a jovem sendo atingida pelas primeiras balas e caindo ao chão. O atirador, no entanto, não se contentou em derrubá-la e continuou disparando mesmo depois que a vítima já estava caída e indefesa.

Segundo as investigações policiais, a câmera foi deliberadamente virada logo após o crime em uma tentativa clara de impedir a identificação dos suspeitos. As autoridades acreditam que o movimento foi feito pelos próprios criminosos para dificultar o trabalho das investigações.

Os envolvidos na trama criminosa

De acordo com a polícia, Júnia Calixto foi morta por estar vendendo drogas em uma área dominada pelo grupo rival. O local do crime ficava a poucos metros de um ponto de venda comandado por Kalyson Signorini de Angelo Macedo, de 20 anos, que atualmente encontra-se preso.

Kalyson é apontado pelas autoridades como responsável por ordenar diversos homicídios e tentativas de homicídios na região. Sua prisão representa um golpe significativo na estrutura do crime organizado local.

As investigações identificaram que o autor dos disparos foi Roberto Antônio Brito de Souza, conhecido no meio criminoso como "Juninho da Baiana". Ele não agiu sozinho: José Guilherme Lousano Júnior, alcunhado de "Escovão", pilotava a moto utilizada na execução.

Um adolescente de 16 anos chegou a ser coagido a assumir a autoria do crime, segundo revelaram as investigações. Escovão, por sua vez, foi morto em fevereiro deste ano durante um confronto com a polícia. Até hoje, um muro ao lado do ponto de tráfico do João Paulo II exibe uma pichação em sua homenagem.

Vidas destruídas pela violência

Segundo a polícia, a lógica por trás desses homicídios é sempre a mesma: espalhar medo, diminuir a concorrência e manter o domínio absoluto sobre a venda de drogas nas comunidades. O que mais preocupa as autoridades é que, em muitos casos, os ataques fazem vítimas que não têm qualquer envolvimento com o crime organizado.

Michael Oliveira da Silva, de 24 anos, trabalhador da construção civil, foi uma dessas vítimas inocentes. Ele foi morto em julho de 2021 em frente à sua própria casa, no bairro Santo Antônio. Michael não tinha passagens pela polícia e era querido por familiares e amigos. Como homenagem póstuma, a Câmara Municipal aprovou que uma rua recebesse seu nome.

Outro caso que comoveu a cidade foi o de uma gestante que preferiu não se identificar. Ela foi atingida por uma bala perdida e ficou 30 dias sem conseguir andar. Em depoimento emocionado, a jovem revelou: "Hoje em dia eu não gosto nem de barulho de estouro ou de fogos. Me assusto com estouro, não gosto mesmo. Sem contar sequelas de andar, no frio o osso dói bastante, eu gostava de correr, não posso mais, não posso usar salto, porque o risco de dor no seu pé e machucar é pior ainda".

A guerra entre gangues em São José do Rio Preto continua sendo um desafio para as autoridades e uma fonte constante de medo e sofrimento para a população local. Enquanto o conflito pelo controle do tráfico persistir, histórias trágicas como a de Júnia Calixto infelizmente continuarão a se repetir.