Inocente baleado em guerra de gangues perde movimento das pernas
A violência entre gangues rivais em São José do Rio Preto deixou mais uma vítima inocente gravemente ferida. Caio Vinícius Rodrigues, de 24 anos, perdeu o movimento das pernas após ser baleado três vezes durante um tiroteio em frente a uma barbearia no bairro Nova Esperança.
O jovem ficou 15 dias internado no hospital, sendo cinco deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ele precisou passar por cirurgias e enfrentou complicações médicas durante o tratamento.
Vida transformada pela violência
Voltar para casa com a esposa e o filho de dois anos trouxe alívio, mas também novos desafios para Caio. "Tudo muda. Você aprende a viver de novo", relata o jovem. "O gesto mais simples de sua casa é pegar uma água na geladeira. Hoje, me causa transtorno. Desde quando aconteceu, eu nunca peguei essa água na geladeira".
As marcas dos tiros permanecem não apenas na parede do estabelecimento comercial, mas principalmente no corpo de Caio, que agora enfrenta as sequelas permanentes do ataque.
Organização criminosa fortalecida
Por trás do sofrimento de vítimas como Caio está uma organização criminosa disposta a matar para manter o controle do tráfico de drogas na região. Segundo a polícia, apenas neste ano, três vítimas da gangue não tinham relação com o tráfico.
Entre os casos está o de uma jovem grávida que foi atingida por bala perdida no bairro João Paulo II e ficou 30 dias sem andar.
As investigações revelaram detalhes alarmantes sobre o funcionamento do grupo criminoso:
- 44 pessoas integravam a organização chefiada por Kalyson Signorini de Angelo Macedo e Rian Lucas Braga Vieira da Silva
- O grupo incluía adolescentes a partir de 15 anos
- 37 homicídios e tentativas de homicídio foram registrados em menos de um ano e meio
- Os crimes eram planejados pelo WhatsApp com detalhes de rotas de fuga e funções de cada participante
Liderança violenta e arsenal nas redes
Kalyson Signorini de Angelo Macedo, de 20 anos, atualmente preso, é apontado pela polícia como um dos chefes do grupo. Ele é responsabilizado por ordenar homicídios e tentativas de homicídios durante os cinco anos em que comandava pontos de tráfico no bairro João Paulo II.
O comparsa Rian Lucas Braga Vieira da Silva, de 22 anos, também está preso e é suspeito de atuar ao lado de Kalyson nas execuções.
O grupo adquiria pistolas semiautomáticas e ostentava o arsenal nas redes sociais, tanto para intimidar quanto para se impor diante dos rivais. Internamente, os integrantes eram reconhecidos por codinomes como "homem de pedra".
As investigações, obtidas com exclusividade pela equipe da TV TEM, mostram áudios de WhatsApp em que criminosos detalham planos de ataque, incluindo estratégias para se aproximar por áreas de mata e surpreender os rivais.
Os dados completos sobre essa guerra de gangues estão sendo exibidos na série de reportagens especiais "Guerra de Gangues", que começou a ser veiculada nesta segunda-feira (24).