
Parece coisa de filme, mas é a pura realidade do crime organizado em Minas Gerais. Uma operação que mexeu com os alicerces do tráfico na região centro-oeste do estado resultou na prisão de uma verdadeira dinastia criminosa. E olha só o detalhe que chama atenção: entre as evidências, um verdadeiro baú do tesouro com moedas de vários cantos do mundo.
Quem diria que em pleno interior mineiro a polícia encontraria libras esterlinas, liras libanesas e até aqueles intis peruanos que já saíram de circulação faz tempo? Pois é, o negócio era bem mais organizado — e internacional — do que se imaginava.
O cerco se fecha
A coisa começou a desandar para o grupo na última terça-feira, quando os policiais botaram a mão na massa. Três mandados de prisão temporária e cinco de busca e apreensão foram executados com precisão cirúrgica na região de Uberlândia. O resultado? Quatro integrantes da mesma família agora estão atrás das grades.
E não pense que eram amadores. A investigação, que já rola há meses, mostrou que o grupo tinha dedo em várias etapas do tráfico: da organização logística ao comércio nas ruas. Uma máfia familiar que parecia ter saído diretamente de uma série de streaming.
O tesouro do crime
O que mais surpreendeu os investigadores — e confesso que me surpreendeu também quando li — foi a diversidade de moedas apreendidas. Libras britânicas, aquelas que todo mundo sonha em ter numa viagem à Europa. Liras libanesas, que nem todo mundo saberia onde trocar por aqui. E os tais intis peruanos, que são praticamente peças de museu hoje em dia.
Isso sem contar os mais de R$ 3.200 em espécie, dois veículos, uma motocicleta e, claro, a droga em si: 51 porções de crack, 22 pinos de cocaína e 85 buchas de maconha. Um arsenal completo do tráfico.
Mas por que tantas moedas diferentes? A polícia suspeita — e faz todo sentido — que era uma forma de lavar dinheiro e fazer transações internacionais sem chamar atenção. Quem desconfiaria de um cidadão trocando intis peruanos no interior de Minas?
O legado de destruição
O que me deixa pensando é o rastro que esse tipo de organização deixa pelas comunidades. Enquanto esses caras brincavam de banqueiros internacionais com moedas exóticas, nas quebradas a realidade era bem diferente: famílias destruídas, jovens perdidos para as drogas, comunidades inteiras reféns do tráfico.
Um dos presos, um homem de 24 anos, já tinha passagem pela polícia por tráfico. Os outros três — de 20, 42 e 45 anos — formavam com ele uma espécie de holding familiar do crime. Pai, filho... uma tradição que ninguém quer ver continuar.
E agora? Os quatro foram levados para o Complexo Penitenciário de Uberlândia, enquanto a polícia continua conectando os pontos. Porque uma apreensão dessas é só a ponta do iceberg — deve ter muito mais coisa por trás dessa operação financeira peculiar.
Quem diria que o centro-oeste mineiro, conhecido pelo agronegócio pujante, escondia também esse lado obscuro da globalização do crime? O mundo encolheu mesmo — para o bem e para o mal.