Delator de roubo milionário em Ribeirão Preto é transferido para SP por risco de morte
Delator de roubo milionário transferido para SP por ameaças

O delator que colaborou com as investigações do roubo milionário a um prédio de luxo no Centro de Ribeirão Preto foi transferido para a Penitenciária de Pinheiros, em São Paulo. A mudança ocorreu a pedido da defesa, que alegou que o homem, que permanece com a identidade preservada, sofria ameaças e corria risco de morte na unidade onde estava detido, em Santa Rosa de Viterbo.

Acordo de delação e detalhes revelados

O informante fez um acordo de delação premiada com o Ministério Público e a Polícia Civil, fornecendo informações cruciais sobre o modus operandi da organização criminosa. Ele revelou os nomes dos integrantes da quadrilha e detalhou que o grupo planejava executar ao menos 15 assaltos milionários em Ribeirão Preto.

Desses planos, apenas dois foram concretizados: o famoso arrastão no edifício de alto padrão na Rua Campos Sales e um roubo à residência de um casal de idosos no bairro Ribeirânia. Os prejuízos somados dos dois crimes são estimados em cerca de R$ 10 milhões.

Investigações avançam e dezenas são processados

Os inquéritos relacionados aos dois crimes já foram concluídos, resultando em duas ações penais contra dezenas de envolvidos. Parte dos investigados pelo assalto ao prédio do Centro já é considerada ré na Justiça. Entre os crimes listados nas denúncias estão associação criminosa, receptação qualificada, adulteração de sinais identificadores de veículos, roubo e extorsão.

Desde o início das apurações, 17 pessoas foram identificadas por participação direta nos crimes. Quinze delas estão presas e já foram incluídas no processo, enquanto duas permanecem foragidas.

Estrutura da quadrilha e os núcleos de atuação

A investigação mapeou uma complexa estrutura organizacional dentro da quadrilha, dividida em núcleos especializados:

  • Núcleo Financeiro: Responsável por intermediar movimentações bancárias, receber valores extorquidos e fazer pagamentos logísticos. Entre os presos deste setor estão Sidney Américo Vieira, Felipe Moreira da Mata, João Paulo César Freires de Oliveira e Widman Henrique Américo Barbosa.
  • Núcleo Logístico: Encarregado de tarefas como a locação do apartamento usado como base no nono andar do prédio alvo, com documentação falsa, e suporte material aos executores. Fabiana de Paula Fernandes Miranda, Pablo Rodrigues Cardoso e Júlia Moretti de Paula, que se entregou em Araçatuba, estão entre os detidos.
  • Núcleo Operacional: Formado por quem agiu diretamente no assalto. Carlos Alberto da Silva, Henrique Eduardo e André Luiz Pereira Nunes estão entre os presos deste grupo.

Receptação comandada de dentro da cadeia

Um dos detidos chama atenção: Diego de Freitas, conhecido como "Diego Ouro". Ele é suspeito de comandar a receptação das joias roubadas diretamente de dentro da cadeia, onde já estava preso por suspeita de envolvimento em outro roubo, ocorrido na Ribeirânia em maio. Diego seria parte do núcleo financeiro.

Segundo o delegado André Baldocchi, a receptação foi extremamente ágil. "Aqueles que adquiriram [as joias] tinham ciência que o roubo estava acontecendo, em questão de 20, 30 minutos após o roubo", afirmou. A irmã de Diego, Stephanie de Freitas Santos, e Emerson dos Santos de Jesus, amigo dele, são apontados como seus auxiliares nessa etapa e estão foragidos.

A transferência do delator para São Paulo marca mais um capítulo no desmantelamento desta organização criminosa que atuava em múltiplos estados. As investigações continuam para localizar os foragidos e recuperar o restante dos valores e bens subtraídos nas ações milionárias.