O Tribunal do Júri de Porto Alegre condenou três homens envolvidos no caso que resultou na morte de uma mulher grávida, vítima de uma bala perdida durante um tiroteio entre facções rivais. A tragédia, que chocou a capital gaúcha em 2020, teve um desfecho judicial com penas severas aplicadas aos responsáveis.
Os detalhes da condenação
Os três réus foram considerados culpados pelo crime de homicídio doloso, caracterizado pela intenção de matar, além de duas tentativas de homicídio. As sentenças determinadas pela Justiça são expressivas: as penas aplicadas variam entre 20 e 29 anos de prisão. Um quarto homem, também apontado na denúncia como autor dos disparos, foi absolvido pelo Conselho de Sentença e teve seu alvará de soltura expedido.
O caso remonta ao dia 28 de dezembro de 2020, na Rua Orfanotrófio, no bairro Cristal, Zona Sul de Porto Alegre. De acordo com as investigações lideradas pela delegada Roberta Bertoldo, o local era dominado pelo tráfico de drogas e foi palco de um confronto armado. Os acusados chegaram ao local em um veículo roubado e armados, com o objetivo claro de atacar integrantes de uma facção rival.
A vítima inocente e a tragédia dupla
A vítima fatal foi Cíntia Rosa da Silva, de 29 anos, que estava grávida de sete meses. Ela não tinha qualquer envolvimento com o conflito e foi atingida nas costas por um dos projéteis enquanto caminhava para um mercado. Após ser baleada, Cíntia foi submetida a uma cesariana de emergência. O bebê chegou a nascer, mas não resistiu e morreu, configurando uma tragédia familiar dupla.
Além de Cíntia, outros dois homens, com 19 e 20 anos na época, também foram baleados durante o mesmo tiroteio. A investigação apontou que essa dupla teria envolvimento com uma organização criminosa, o que motivou o ataque inicial.
A prisão e as evidências
Os três condenados foram presos em janeiro de 2021, nas cidades de Viamão e Sapucaia do Sul, ambas na Região Metropolitana de Porto Alegre. Durante as ações policiais, foram encontradas as roupas utilizadas no dia do crime, um elemento crucial para a comprovação da participação dos acusados no tiroteio.
O Ministério Público detalhou que, ao iniciarem os disparos, os acusados encontraram revide por parte do grupo rival, resultando em um intenso tiroteio. Foi nesse cenário de violência extrema que Cíntia, uma pessoa comum em seu trajeto cotidiano, teve sua vida interrompida de forma brutal e injusta.
O caso se tornou um símbolo trágico da violência urbana e dos danos colaterais de conflitos entre facções, atingindo civis inocentes longe das disputas criminosas. A condenação, anos depois do crime, representa um passo na busca por justiça para a família de Cíntia Rosa da Silva.