
Numa reviravolta digna de roteiro de filme policial, a delegacia especializada em crimes cibernéticos de Fortaleza prendeu nesta quarta-feira (16) o suposto mandante de uma série de ataques que deixaram milhares de pessoas sem internet na capital cearense. O alvo? Provedores locais que, segundo investigações, se recusaram a pagar "taxas" impostas pelo grupo.
A operação — batizada ironicamente de "Conexão Interrompida" — durou meses. Os investigadores rastrearam transações bancárias suspeitas e padrões de comunicação cifrados antes de fechar o cerco. "Era como jogar xadrez com alguém que muda as regras a cada movimento", confessou um dos delegados, sob condição de anonimato.
Modus operandi sofisticado
O esquema funcionava com uma crueldade calculista: primeiro vinham as ameaças veladas. Depois, quando os empresários resistiam, ataques DDoS (aqueles que sobrecarregam servidores) derrubavam serviços essenciais. Em alguns casos, cabos de fibra óptica eram simplesmente cortados — à moda antiga, mas eficaz.
Curiosamente, o preso — um homem de 34 anos com fachada de comerciante — usava aplicativos de mensagens com criptografia para coordenar os ataques. "Ele agia como um CEO do crime", brincou sem graça um agente, enquanto embalava provas em sacos plásticos.
Impacto na população
- Mais de 15 provedores afetados
- Bairros inteiros ficaram offline por dias
- Prejuízos estimados em R$ 2 milhões
Moradores de periferias foram os mais atingidos. "Fiquei uma semana sem poder emitir nota fiscal da minha lojinha", reclamou Dona Maria, 62 anos, enquanto ajustava os óculos para ler a notícia no celular — ironicamente, agora com sinal estável.
A polícia acredita que a prisão do "chefão" — como já chamam nos corredores da delegacia — possa desmantelar boa parte da operação. Mas especialistas em segurança digital fazem um alerta: "Esses grupos são como hydras; corta-se uma cabeça, surgem outras duas", filosofou um analista, enquanto tomava seu café amargo típico de repartição pública.
Enquanto isso, os provedores respiram aliviados — mas não totalmente. Muitos preferiram não comentar o caso, seja por medo de represálias ou por simples alívio de terem sobrevivido a esse capítulo sombrio do crime digital no Nordeste.