Quadrilha planejou arrastão milionário em Ribeirão Preto, diz delegado
Arrastão em prédio de luxo foi planejado por quadrilha

Uma organização criminosa que atuava em três estados diferentes foi responsável por planejar e executar o arrastão milionário ocorrido em um edifício de alto padrão no Centro de Ribeirão Preto. A informação foi confirmada pelo delegado André Baldochi nesta segunda-feira (24).

Ligação entre crimes revela operação sofisticada

As investigações da Polícia Civil demonstraram que os mesmos criminosos responsáveis por uma série de roubos de joias em residências também arquitetaram o arrastão no prédio da Rua Campos Salles. Segundo Baldochi, as evidências apontam não apenas para a mesma forma de agir, mas também para os mesmos receptadores das joias roubadas.

Entre os presos está Diego de Freitas, conhecido como "Diego Ouro", detido desde o início de setembro e agora mantido em prisão preventiva. O delegado explica que, mesmo atrás das grades, Diego continuava coordenando o esquema de receptação através de visitas recebidas de familiares.

Cronologia dos crimes e operações policiais

O modus operandi da quadrilha incluía planejamento minucioso, com escolha de alvos baseada em informações obtidas na internet e uso de equipamentos que clonavam controles de portões eletrônicos à distância.

Em maio deste ano, o grupo invadiu uma residência no bairro Ribeirânia, onde roubou 300 peças de joias, incluindo um colar de ouro e diamantes comprado há mais de 20 anos. A vítima reconheceu a joia sendo vendida ao vivo no programa "Mil e Uma Noites", do Paraná, o que levou a família a acompanhar o programa e identificar outras peças roubadas.

Já em 24 de setembro, a quadrilha executou o arrastão no edifício central, onde prestadores de serviço e moradores foram rendidos, resultando na invasão de seis apartamentos. O planejamento incluiu o aluguel prévio de um imóvel no mesmo condomínio usando documentos falsos para facilitar a circulação dos criminosos.

Operação Midas e prisões

As ações policiais se intensificaram a partir de setembro:

  • 4 de setembro: Prisão de Diego Ouro em casa de alto padrão em Ribeirão Preto
  • 24-25 de setembro: Primeiras prisões de suspeitos do arrastão do prédio da Campos Salles
  • 24 de outubro: Novos mandados de prisão e busca relacionados ao mesmo caso
  • 18 de novembro: Operação Midas prende técnica de enfermagem Thayna Yasmin Silva Porto e outros três suspeitos
  • 24 de novembro: Júlia Moretti, de 21 anos, entrega-se em Araçatuba após dois meses foragida

A jovem era considerada responsável por alugar o apartamento usado como base para o arrastão e foi a única que não escondeu o rosto durante o crime.

Estrutura criminal organizada

Baldochi ressalta que a organização mantinha uma estrutura bem definida: "Em que pese nem todos terem sido autores em ambos, foi praticado pela mesma organização criminosa, com o mesmo núcleo financeiro".

Além dos receptadores em comum, alguns dos autores diretos do roubo na Ribeirânia também participaram do arrastão no centro da cidade. Há ainda uma pessoa em comum que disponibilizou veículos de apoio para ambos os crimes.

As investigações continuam para identificar todos os envolvidos na extensa rede criminosa que operava em múltiplos estados brasileiros, especializada em roubo de joias e relógios de alto valor.