
O clima pesado tomou conta do tribunal assim que o veredito foi lido. E aí veio a fala que cortou como uma faca: "Isso aqui não foi justiça, foi uma palhaçada". Quem diz é o pai de uma das 242 vítimas daquele inferno de 2013, com a voz embargada pela raiva e pela dor que não passam.
Mais de uma década se arrastou para chegar a esse momento. E o que saiu? Quase nada. Quase ninguém. A sensação que fica é que a vida desses jovens valeu menos que nada no fim das contas.
Os números do desastre são de doer na alma: 242 mortos. A maioria, universitários cheios de sonhos. Mais de 600 sobreviveram, mas carregam sequelas físicas e emocionais até hoje. Um pedaço de uma geração simplesmente apagado numa noite.
O que deu errado no julgamento?
Os advogados de defesa trabalharam feito loucos para espalhar dúvidas. Diziam que não dava para provar quem fez o quê naquela noite caótica. A estratégia? Funcionou. A maioria dos réus escapou ilesa das acusações mais graves.
Do outro lado, as famílias assistiram a tudo com um nó na garganta. "A gente esperou tanto tempo por isso?", questiona um familiar, sem conseguir esconder a decepção. A promessa de justiça parece ter virado pó.
E não foi por falta de provas. Todo mundo sabe que o local era uma armadilha: saídas de emergência trancadas, extintores vencidos, alvarás irregulares. Uma combinação explosiva que virou pólvora com a faísca de um sinalizador.
O desabafo que ecoa nas redes
As redes sociais incendiaram com a notícia. De um lado, a revolta das famílias. Do outro, a sensação de impunidade que persiste no país. "É sempre assim: os pequenos pagam, os grandes escapam", comentou alguém no Twitter.
O caso Kiss virou símbolo de algo podre. Não só pela tragédia em si, mas pela demora, pela burocracia e pelo resultado que parece uma piada de mau gosto. A pergunta que não quer calar: quantos mais precisam morrer para que as coisas mudem?
Enquanto isso, as famílias seguem enterrando seus mortos - alguns literalmente, outros metaforicamente. A dor não prescreve. A memória não apaga. E a luta por justiça, parece, está longe do fim.