Líder espiritual e auxiliar presos por crimes graves
A Justiça de Minas Gerais determinou a prisão de Henrique Vorcaro Garcia, primo do banqueiro Daniel Vorcaro, e de sua auxiliar Flávia Miriam Lima por crimes sexuais praticados dentro do Terreiro de Umbanda Omolokô Ilê Axé Guian, localizado no bairro Santa Efigênia, Zona Leste de Belo Horizonte.
Ambos estão afastados de todas as atividades religiosas e cumprem medidas cautelares determinadas pela 2ª Vara das Garantias. Os investigados permanecem presos e proibidos de retomar funções no terreiro até nova decisão judicial.
Rituais como fachada para abusos sexuais
Segundo depoimentos colhidos durante a investigação, Henrique Vorcaro se aproveitava de sua posição como Pai de Santo para cometer crimes sexuais contra mulheres que frequentavam o terreiro. Sob o pretexto de realizar "limpeza energética", as vítimas eram submetidas a toques íntimos e relações sexuais forçadas.
Uma das mulheres relatou ter sofrido queimaduras graves após ter álcool e fogo lançados sobre seu corpo durante um ritual. Há relatos da participação da auxiliar Flávia nos atos criminosos, que incluíam humilhações públicas e cobranças financeiras abusivas.
Violência e intimidação sistemáticas
As vítimas também denunciaram ameaças de morte após deixarem o terreiro. Testemunhas confirmaram episódios de violência e intimidação, incluindo o uso ostensivo de arma de fogo para gerar medo entre os frequentadores.
A polícia apreendeu materiais religiosos, cadernos de anotações e dispositivos eletrônicos durante buscas realizadas em endereços ligados ao terreiro e à residência do líder espiritual. A quebra de sigilo dos aparelhos foi autorizada para análise de mensagens e imagens que possam servir como prova.
Justiça mantém medidas e rejeita pedido da defesa
Em novembro, o Tribunal de Justiça manteve todas as medidas impostas e negou o pedido da defesa para revogar o afastamento. O tribunal concluiu que existem indícios robustos dos crimes e risco à integridade das vítimas.
O caso tramita sob segredo de justiça e envolve investigação por múltiplos crimes, incluindo estupro, violência sexual mediante fraude, importunação sexual, tortura, extorsão, ameaça e lesão corporal.
A defesa alega perseguição e ilegalidade nas medidas, afirmando que não teve acesso completo ao processo e que não foi intimada sobre as cautelares. Os advogados informaram que seguirão atuando para "provar a lisura dos sacerdotes".
Henrique Vorcaro Garcia também é policial civil e teve seu porte de arma suspenso pela Justiça como uma das medidas cautelares. A investigação continua em andamento, com novos depoimentos e análise do material apreendido.