Julgamento de sargento da PM por morte de Zaira Cruz começa em Natal
Julgamento de PM por morte de universitária começa em Natal

Inicia nesta segunda-feira (1º), no Fórum Desembargador Miguel Seabra Fagundes, em Natal, um dos julgamentos mais aguardados do Rio Grande do Norte. O sargento da Polícia Militar Pedro Inácio Araújo de Maria responde perante um tribunal do júri pelas acusações de estupro e homicídio qualificado contra a universitária Zaira Cruz, de 21 anos, crime ocorrido durante o Carnaval de Caicó, em 2019.

Os fatos do caso e as versões conflitantes

Zaira Cruz, natural de Currais Novos, foi encontrada sem vida no dia 2 de março de 2019, em plena folia momesca na cidade de Caicó. As investigações conduzidas pelo Ministério Público apontam que a jovem foi vítima de duas violências sexuais e morta por estrangulamento. A acusação identifica o autor como sendo o próprio sargento Pedro Inácio, que na época mantinha um relacionamento amoroso com a vítima.

Em contrapartida, a defesa do militar sustenta veementemente a inocência do cliente. O advogado Jader Marques argumenta que não há evidências materiais que comprovem o crime. "As provas do processo, as fotografias, mostram que os sinais de asfixia não estão lá. Os sinais de violência sexual não estão lá porque não aconteceu", declarou o defensor, alegando que a morte de Zaira teria causas naturais.

A família da vítima, no entanto, clama por justiça. A mãe de Zaira expressou o desgaste emocional: "Eu só quero que isso acabe... que a Justiça se faça... Com certeza foi muito bem feita a perícia e minha filha foi sim estrangulada e assassinada".

O longo caminho até o júri

Este não é o primeiro júri popular marcado para este caso. Uma tentativa anterior, iniciada em junho, foi cancelada de forma abrupta após os advogados de defesa abandonarem o plenário. Eles alegaram cerceamento de defesa depois que o juiz indeferiu perguntas consideradas ofensivas à dignidade da memória de Zaira Cruz.

O processo, originalmente de Caicó, foi transferido para a capital potiguar, Natal, a pedido da defesa. A previsão é de que as sessões se estendam até a próxima sexta-feira (5), com a oitiva de mais de 20 pessoas, incluindo o réu, testemunhas de acusação e de defesa. O julgamento é restrito à família e às partes diretamente envolvidas.

O que esperar dos próximos dias

Com um salão do júri cercado por grades e a presença marcante de viaturas da PM no entorno do fórum, o clima é de tensão e expectativa. A sociedade acompanha atenta mais um capítulo deste trágico episódio que completa cinco anos, aguardando que o veredito judicial possa, finalmente, trazer um desfecho à história que chocou o estado.

Agora, cabe ao conselho de sentença, formado por sete cidadãos, analisar as provas e os depoimentos para decidir sobre a culpabilidade ou inocência do sargento Pedro Inácio, encerrando um longo ciclo de dor para a família de Zaira e de incertezas para a Justiça potiguar.