Após uma espera de quase cinco anos, o júri popular do caso que chocou a cidade de Exu, no Sertão de Pernambuco, foi realizado nesta quinta-feira (4). O réu, Francisco Júnior do Nascimento Sena, de 41 anos, enfrenta a Justiça pelo assassinato do influencer e enfermeiro Laildson Pereira, então com 24 anos. A sessão teve início às 7h30 no Fórum de Petrolina e conta com sete jurados, que têm a responsabilidade de decidir o destino do acusado.
Expectativa por justiça após anos de espera
O crime, ocorrido em 18 de junho de 2020, mobilizou a comunidade de Exu ao longo dos anos, com passeatas e protestos pedindo justiça. No tribunal, familiares e amigos da vítima acompanharam emocionados o desenrolar do julgamento. Em declaração, Deyse Pereira, irmã de Laildson, expressou o sentimento da família.
“Nossa expectativa é que haja justiça. Nesses quase quatro anos aguardando, nunca tivemos sentimento de vingança, mas esperamos uma sentença que traga respeito à família e a toda a população de Exu”, disse ela, visivelmente emocionada.
Argumentos da acusação e da defesa
Os advogados que representam a família da vítima, João Alexandre Neto e Graziano Francisco da Silva, mostraram-se confiantes no andamento do processo. Graziano afirmou que as provas são robustas e o crime foi cometido com extrema crueldade.
“O processo fala por si. As testemunhas são contundentes e as provas saltam aos olhos. Houve um homicídio com requintes de crueldade e desprezo pela vida humana. A gente precisa que o processo tenha um final, com a condenação... e que a gente consiga trazer um acalento pra a família”, declarou o advogado de acusação.
Do outro lado, a defesa, liderada pelo advogado Marcílio Rubens, apresentou uma tese diferente. Ele argumenta que seu cliente, conhecido como "Júnior Cigano", agiu sob ameaça na ocasião. Além disso, o defensor questionou a legalidade da prisão preventiva, que já dura pouco mais de cinco anos.
“A situação esperada pela defesa... é de que em um processo, em que o réu está preso preventivamente há cinco anos e quatro meses... isso por si só já se configura uma imensa ilegalidade, mas que hoje ela possa ser corrigida e os jurados possam acolher a tese defensiva”, pontuou Rubens.
Relembrando os fatos do crime
O caso remonta a uma noite de junho de 2020. Laildson Pereira, que trabalhava com publicidade e marketing, e Francisco Júnior eram colegas e saíram para beber com amigos. De acordo com as investigações, após uma discussão, Francisco, que estaria embriagado, efetuou disparos contra Laildson.
O suspeito conseguiu fugir, mas foi preso dois meses depois, em agosto de 2020, em um povoado rural de Socorro do Piauí (PI). Desde então, aguardava em prisão preventiva pelo desfecho do processo, que chegou ao momento decisivo com o júri popular em Petrolina.
O julgamento marca um capítulo crucial em um caso que gerou grande comoção no interior pernambucano, colocando em foco a busca por justiça e o funcionamento do sistema judicial em crimes de grande repercussão local.