Ex-delegado condenado a mais de 50 anos permanece em liberdade e promete recorrer: o caso que abala Minas Gerais
Ex-delegado condenado a 50 anos recorre em liberdade

Imagine a cena: um ex-delegado, homem da lei, agora do outro lado do balcão judicial. Rafael Gomes Costa, nome que até pouco tempo inspirava respeito nas delegacias de Juiz de Fora, hoje responde a uma condenação que ultrapassa meio século de prisão. E pasmem: ele está em liberdade, respirando o ar da cidade enquanto prepara sua defesa.

O caso é daqueles que dão nó na cabeça de qualquer cidadão. Como alguém condenado a 50 anos e oito meses – uma eternidade penal – pode continuar circulando normalmente? A resposta está nos meandros do nosso sistema jurídico, que permite ao condenado aguardar o julgamento de recurso sem estar atrás das grades.

O crime que mudou tudo

Tudo remonta àquele dia fatídico de 2015. Uma emboscada nas ruas de Juiz de Fora terminou com Wellington de Paulo morto a tiros. As acusações são graves: homicídio triplamente qualificado. Por motivo fútil? Check. Meio cruel? Check. Recursos que impossibilitaram a defesa? Check completo.

Rafael não estava sozinho nessa. Seu irmão, Matheus Gomes Costa, também foi arrastado para o olho do furacão judicial. E aqui vem a parte que parece roteiro de filme policial: a motivação do crime seria uma disputa territorial. Sim, aquelas velhas rixas por pontos de venda de drogas que insistem em transformar nossas cidades em campos de batalha.

O longo caminho até a condenação

O tribunal do júri de Juiz de Fora não teve dúvidas. Após analisar todas as evidências – e olha, foram muitas – os jurados consideraram Rafael culpado por homicídio qualificado. Matheus, seu irmão, pegou uma pena um pouco menor: 19 anos e quatro meses. Difícil dizer qual situação é pior.

Mas sabe como é… O sistema judiciário brasileiro é cheio de idas e vindas. Enquanto o recurso não é julgado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Rafael continua livre. É a tal da presunção de inocência até o trânsito em julgado? Mais ou menos. Na prática, é um equilíbrio delicado entre o direito de defesa e a execução penal.

O que esperar do recurso?

Conversando com fontes próximas ao caso, dá para sentir que a defesa está confiante. Alegam vícios processuais, questionam provas, enfim… Todo aquele repertório jurídico que nós, meros mortais, mal conseguimos acompanhar. Resta saber se os desembargadores do TJMG vão comprar essa narrativa.

Enquanto isso, a família de Wellington de Paulo aguarda. Aguarda justiça, aguarda closure, aguarda que o sistema não falhe com eles. É desses casos que fazem a gente refletir sobre a velocidade da justiça brasileira e seus paradoxos.

Uma coisa é certa: os holofotes agora estão virados para o Tribunal de Justiça mineiro. A decisão que sair de lá vai ecoar não só pelos corredores do fórum, mas por toda a sociedade que observa atentamente – e com certa desconfiança – como a lei trata aqueles que um dia juraram cumpri-la.