
Eis que a vida prega aquelas peças que nem roteirista de novela ousa inventar. Na última sexta-feira, um cidadão de Vila Velha resolveu fazer o que qualquer pai, em tese, faria: tentar recuperar a motocicleta do filho que havia sido apreendida. Só que o plano saiu drasticamente diferente do esperado.
O jovem — vamos chamá-lo de João — estava pilotando a moto sem possuir a menor condição legal para isso. Carteira de motorista? Zero. A PM, claro, não perdoa. Apreendeu o veículo e o destino do mesmo era a delegacia, aguardando resgate.
Da boa intenção à fria realidade
O pai, movido por aquele misto de preocupação e irritação típico de quem cria adolescente afoito, se dirigiu à Delegacia de Plantão de Vila Velha. A ideia era simples: pagar a multa, assinar os papéis e levar a moto de volta para casa. Uma missão aparentemente corriqueira, certo? Errado. Tão errado que beira o trágico.
Ao fornecer seus dados para o registro do ocorrido, eis que o sistema policial deu seu veredito. O homem não era apenas um pai preocupado — era também procurado pela justiça capixaba. Um mandado de prisão em aberto, por crime de roubo, pairava sobre sua cabeça. E, convenhamos, delegacia é o último lugar onde você quer estar nessas condições.
A ironia do destino
Pense na cena: o sujeito chega para resolver uma bobagem — sim, porque no Brasil dirigir sem CNH quase virou trivialidade — e acaba descobrindo que é ele mesmo o verdadeiro problema. Em vez de salvar o patrimônio do filho, acabou atrás das grades. A moto, coitada, ficou mais uma vez sem dono — pelo menos temporariamente.
O caso todo me faz lembrar aquela velha máxima: "quem com ferro fere, com ferro será ferido". Só que aqui foi mais "quem com a lei brinca, na delegacia se afunda".
E o filho?
O rapaz, que originalmente causou o problema, recebeu apenas um termo circunstanciado — basicamente uma advertência por escrito — por dirigir sem habilitação. Saiu impune, enquanto o pai herdou consequências bem mais sérias. Alguém aí duvida que a conversa em casa vai ser, no mínimo, constrangedora?
Agora o homem responde pelo roubo pelo qual era procurado e ainda encara a realidade do sistema prisional. Uma lição dura sobre como tentar resolver problemas alheios sem primeiro colocar a própria vida em ordem.
Moral da história? Antes de sair por aí tentando consertar as confusões dos outros, melhor dar uma olhada no próprio quintal. Porque, às vezes, o herói da família pode acabar se tornando seu próprio vilão.