Família de Refém do Hamas Revela o Turbilhão de Emoções na Espera por Libertação
Família de refém do Hamas revela turbilhão emocional

O telefone toca e o coração para. Cada notificação no celular é um soco no estômago. Há meses, a família de Michel Nisenbaum vive nesse estado de alerta constante — uma montanha-russa emocional que nem nos piores pesadelos eles imaginariam enfrentar.

Michel, brasileiro com dupla cidadania israelense, está entre os reféns mantidos pelo Hamas desde aqueles ataques devastadores de 7 de outubro do ano passado. Sua irmã, Meri Nisenbaum, descreve esses meses com uma palavra: "tortura".

O Silêncio Que Grita

"A gente vive num limbo", confessa Meri, a voz embargada. "São dias iguais, repetitivos, mas cada um traz uma carga diferente de sofrimento."

Ela revela que a família criou uma espécie de ritual de sobrevivência. Reúnem-se para assistir a todos os pronunciamentos oficiais, não importa a hora. Seguem cada movimento nas redes sociais, cada nova notícia — por mais dolorosa que seja.

O que mais dói? A incerteza. A falta de informações concretas. "Não saber se ele está ferido, se está com fome, se está com medo", desabafa.

Um Brasileiro no Olho do Furacão

Michel tinha 59 anos quando o mundo desabou. Conhecia bem a região — trabalhava como segurança no entorno da Faixa de Gaza. No dia do ataque, estava justamente indo resgatar a neta de quatro anos de um kibutz.

Nunca chegou.

Desde então, transformou-se de homem concreto em símbolo abstrato — um nome em listas, um rosto em fotografias, uma história em reportagens.

Os Bastidores das Negociações

Enquanto isso, nos corredores diplomáticos, o jogo segue. O Itamaraty mantém contato permanente com as autoridades israelenses e com o Qatar, que atua como mediador.

Mas a família sabe que a política internacional é um tabuleiro complexo. Cada movimento depende de múltiplas variáveis — e os reféns são peças num jogo muito maior.

"A gente tenta não criar expectativas", diz Meri, com um realismo que dói. "Já passamos por tantas frustrações..."

A Fé Como Âncora

Num cenário tão desolador, o que mantém essa família de pé? Para Meri, a resposta vem rápida: a fé. "Acreditamos que ele está vivo. Enquanto não tivermos uma prova concreta do contrário, vamos continuar lutando."

Ela descreve uma rede de apoio impressionante — amigos, parentes, até estranhos que mandam mensagens de solidariedade. "Isso nos dá força para continuar."

O Peso da Espera

Psicologicamente, a situação é devastadora. Especialistas explicam que famílias de reféns desenvolvem uma espécie de "estresse traumático crônico". Vivem num estado constante de hipervigilância, entre a esperança e o desespero.

Meri confirma: "É como se a vida tivesse parado naquele dia. O resto do mundo continua girando, mas pra gente, tudo ficou congelado."

E assim seguem — dia após dia, noite após noite. Com o telefone sempre por perto, o coração sempre na mão, e uma pergunta ecoando no silêncio: quando essa espera vai terminar?